O Espião que Sabia Demais

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A presença da palavra "espião" no título do filme de Tomas Alfredson pode fazer algum espectador desavisado imaginar que O Espião que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy, Inglaterra/EUA, 2011) é mais um exemplar cheio dos clichês consagrados dos filmes de espionagem: espiões bonitões, verdadeiros "pegadores", sequências de ação de tirar o fôlego e uma porção de bugigangas para que eles cumpram suas missões. Mas é bom avisar que nenhum desses elementos está presente aqui. 
Baseado no romance homônimo de John Le Carré (autor também do livro que deu origem a O Jardineiro Fiel, de Fernando Meirelles), O Espião que Sabia Demais é a completa antítese do que os filmes de James Bond e Jason Bourne representam: George Smiley, o espião protagonista representado magistralmente por Gary Oldman, é franzino, de meia-idade, traído pela esposa e sem nenhuma vocação para herói de ação. Smiley é um ex-agente do serviço de inteligência britânico, recém-aposentado, que é recrutado por um alto funcionário do governo para descobrir a identidade de um suposto agente duplo atuando dentro da cúpula do serviço de inteligência, chamada de Circo. Smiley se junta a outros dois agentes e inicia sua investigação. E é isso, dizer mais somente arruinaria a oportunidade de juntas as peças do quebra-cabeça. E as peças são muitas; tantas, que é negado ao espectador o conforto de piscar os olhos durante a sessão, pois se o fizer perderá detalhes da trama que não podem deixar de ser percebidos. É nessa complexidade que reside o fascínio que o filme exerceu sobre a crítica em todo o mundo.
O diretor Tomas Alfredson - que fez sucesso com o magnífico Deixa Ela Entrar - não se preocupa muito em situar o espectador; a trama vai e vem no tempo sem avisar. É preciso estar atento. Assim, vamos descobrindo alguns detalhes que explicam a cena que abre o filme e ampliam a importância de personagens aparentemente inúteis para a história. Nada disso seria possível se Alfredson não contasse com um elenco que poucos diretores têm à disposição: John Hurt (Hellboy), Mark Strong (Kick-Ass, O Guarda), Toby Jones (Capitão América), Colin Firth (vencedor do Oscar por O Discurso do Rei), Benedict Cumberbatch (a série da BBC Sherlock, Cavalo de Guerra), Ciarán Hinds (o César da série da HBO Roma) e Tom Hardy (o Bane do vindouro Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge). Todo o elenco mostra-se disposto a fazer do filme uma peça única, um feito cinematográfico. E de fato consegue. O Espião que Sabia Demais é um dos melhores filmes de 2011.

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