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Janela Indiscreta (da Série 1001 Filmes)

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Um dos maiores sucessos do cineasta Alfred Hitchcock, Janela Indiscreta (Rear Window, EUA, 1954) ainda não perdeu seu charme e mantém uma legião de fãs em todo o mundo. L.B. Jeffries é um repórter fotográfico que está preso em uma cadeira de rodas há semanas por ter quebrado uma perna. Sem ter muito o que fazer e tendo como companhia somente Stella, sua enfermeira, e Lisa, sua noiva relutante, Jeffries passa os dias observando os vizinhos que moram no prédio em frente ao seu, até o momento em que começa a desconfiar que um dos vizinhos espionados assassinou sua esposa e se desfez do cadáver. É claro que as coisas podem não acabar tão bem.
James Stewart é o protagonista, em mais uma bem sucedida colaboração com Hitchcock. No papel de Stella, a atriz Thelma Ritter, entrega uma enfermeira com um maravilhoso senso de humor negro. Coube a Grace Kelly, em um de seus últimos papéis em Hollywood antes de se tornar a princesa de Mônaco, a personagem de Lisa, uma moça rica que é completamente apaixonada por L.B., mas ainda não ouviu do namorado nenhuma proposta de casamento.
James Stewart e Grace Kelly - lendas do cinema
Alfred Hitchcock recriou todo o ambiente dos prédios em estúdio, o que possibilitou maior liberdade para que o mestre do suspense pudesse estabelecer todo um ecossistema para manuseá-lo à vontade. Enquanto Jeffries bisbilhota os vizinhos, o cineasta faz do público cúmplice na espionagem, tornando todos nós verdadeiros voyeurs. Interessante como cada vizinho tem características psicológicas desenvolvidas; embora se saiba pouco a respeito deles, o que é revelado sobre cada um mostra detalhes que transformam o voyeurismo em algo palatável, quase um fetiche nunca satisfeito. Todos os sons ambiente, incluindo a trilha sonora, vêm das janelas e da rua observadas por L.B. Jeffries.
Sendo um verdadeiro clássico, Janela Indiscreta permanece imortal e amado por muitas pessoas, tendo recebido homenagens periodicamente no cinema. Em 1998, o ator Christopher Reeve, o Superman clássico, preso a uma cadeira de rodas com tetraplegia, refilmou o clássico, embora sem o charme do original. Em 2007 foi a vez de J.B. Caruso fazer sua homenagem, com Paranoia, suspense com Shia LaBeouf e David Morse, que bebe da fonte hitchcockiana descaradamente para realizar um filme bem bacana, com um resultado final muito satisfatório.
Mas no fim das contas, não há nada como assistir o Janela Indiscreta original, com todo o talento de James Stewart, a beleza elegante de Grace Kelly, e a genialidade de Hitchcock.

Em tempo: Hitchcock não perde a oportunidade de aparecer em cena em quase todos os seus filmes; neste, ele aparece brevemente no apartamento do pianista, ouvindo a melodia e quase encarando o público. Sensacional.

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Enterrado Vivo

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Estreia de Rodrigo Cortés como diretor é um estudo sobre o desespero
Se os cartazes que divulgaram Enterrado Vivo (Buried, EUA/Espanha, 2010) já chamavam a atenção para um filme que poderia ser um dos melhores do ano, a experiência de assistir a obra pronta não frustra expectativas. Apesar de se passar inteiramente com seu protagonista dentro de um caixão velho, em nenhum momento Enterrado Vivo cansa o espectador. Trata-se de um thriller competente e original, repleto de suspense e com a capacidade de manter vivo o interesse do público a cada frame.
Ryan Reynolds (que em breve será enfim um astro com Lanterna Verde) é Paul Conroy, um civil que dirige caminhões no Iraque, que acorda de um desmaio e está com as mãos amarradas dentro de um caixão, sem lembrar como foi parar ali. Ele apenas se recorda que o comboio onde estava foi atacado por insurgentes locais, e que alguns de seus colegas foram mortos. Logo ele descobre que tem um celular junto de si, quando recebe a ligação de seu sequestrador, exigindo cinco milhões de dólares até as 21:00, ou Paul será abandonado à própria sorte. A seguir acompanhamos o desespero de Paul à medida em que seu tempo, seu oxigênio e a bateria do celular chegam ao fim.
O espanhol Rodrigo Cortés, em sua estreia no cinema, utiliza de várias câmeras e uma edição perspicaz para não permitir que o tédio tome conta de seu filme. Foram usadas seis caixas para captar todas as cenas, e a trilha sonora permite que o drama e o desespero de Paul sejam intensificados. Mas tudo isso seria em vão se a atuação de Ryan Reynolds não fosse simplesmente sensacional. A sensação de pavor em seus olhos é notável e envolve o público como poucos filmes de suspense.
Sem fazer uso de artifícios-clichê comuns em Hollywood, Cortés conseguiu realizar um filme perturbador, que toca em assuntos delicados, como a utlização de civis em missões de reconstrução no Iraque. E o subir dos créditos não deixa ninguém aliviado. Pode acreditar: Enterrado Vivo é o filme mais interessante e incômodo de 2010. E o mais claustrofóbico da década.

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Animações que você vai gostar de ver

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Como alguns que me conhecem devem saber, eu amo animações. As boas, é claro. Diferente do que alguns podem pensar, nem todas me agradam. Lembram de Dogão? Pois é. Mas os filmes animados lançados este ano, em sua maioria, me agradaram bastante. Aqui estão dois deles que ainda não havia comentado:
Meu Malvado Favorito - primeiro filme do novo estúdio Illumination Entertainment, este é um clássico exemplo de escolhas acertadas que resultaram em uma animação acima da média e incrivelmente divertida. A história de Gru, o antigo "maior vilão do mundo", é muito legal. Diferente da série Shrek, na qual ninguém se importa mesmo com o protagonista, em Meu Malvado Favorito Gru é um cara malvado até na hora de comprar um café; se a fila está muito grande, ele simplesmente saca uma arma congelante e coloca todo mundo à sua frente abaixo de zero, só para furar fila! Seu veículo, enorme, destrói ruas, casas, árvores e tudo o mais o que vier pela frente, sem o menor pudor. E ele já roubou o painel eletrônico de Wall Street! Tudo com a ajuda de seus Minies, bichinhos amarelinhos responsáveis por algumas das melhroes piadas do filme. Mas seus dias como maior vilão da terra estão chegando ao fim, pois um novo ser maligno surge: o Vetor, um vilão mais jovem que rouba as pirâmides do Egito. Para superar seu mais novo desafeto, Gru decide roubar a lua (!), mas para isso precisa da arma encolhedora que Vetor criou. É quando entram em cena três lindas órfãs vendedoras dos doces que Vetor tanto gosta. Gru as adota, elas são uma gracinha, ele descobre como é bom ser pai e o resto todo mundo já sabe.
Sem querer se levar tão a sério, o filme conquista crianças e adultos extamente por ser muito divertido e inventivo; ainda assim, o roteiro ainda entrega um aspecto psicológico, quando descobrimos o que levou Gru a ser tão malvado. E ainda tem emoção de sobra  no final. Se você assistir na versão legendada, confira o trabalho excelente de Steve Carell fazendo a voz de Gru. No mais, compre a pipoca e aproveite!
A Lenda dos Guardiões - dirigido por Zack Snyder em parceria com o estúdio Animal Logic (que fez Happy Feet), A Lenda dos Guardiões tem nas imagens seu grande trunfo. Cada frame deste filme é simplesmente lindo. A animação beira a perfeição, mostrando o cuidado que o estúdio teve na renderização das penas das corujas ao voar. Muito legal mesmo. As batalhas aéreas entre corujas também merecem destaque. São empolgantes e não confundem o espectador, sendo possível distinguir os personagens em plena luta, mesmo sendo todos corujas.
Esse também é um diferencial do filme, afinal, quem já assistiu um filme estrelado por corujas? A Lenda dos Guardiões conta a história de Soren, uma jovem coruja-macho que sonha com as histórias contadas por seu pai sobre os lendários Guardiões de Ga'Hoole, que combateram uma espécie de corujas conquistadoras e crueis, para libertarem seu povo. Seu irmão, Kuddle, não acredita nessa história, até que no dia em que estão aprendendo a voar, os dois são sequestrados pelos Puros, a tal raça malvada que planeja dominar o mundo. Nesse ponto o roteiro começa a ficar um tanto confuso, ao não explicar bem o que são as tais partículas mágicas que os Puros desejam usar para derrotar os Guardiões de Ga'Hoole. Talvez com pressa de mostrar a ação das batalhas aéreas, Snyder não desenvolve a contento a transformação de Kuddle, com tudo acontecendo em cerca de um dia: traições, aprendizado de vôo, fuga e resgate. Mas na verdade tudo isso perde um tanto seu valor quando se admira o maravilhoso trabalho que o estúdio teve em desenvolver todo esse mundo dominado por corujas. É tudo uma festa aos olhos, desde a árvore que serve de ninho para Soren e sua família, passando pelo sinistro covil dos Puros até a árvore de Ga'Hoole, onde vivem os Guardiões. No quesito belas imagens, A Lenda dos Guardiões é sem dúvida o melhor filme do ano.

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Deixe Ela Entrar

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Conto vampiresco made in Suécia é tudo o que Crepúsculo gostaria de ser
Histórias de vampiro não são novidade em lugar nenhum do mundo, especialmente quando se trata de cinema. Mas Deixe Ela Entrar (Låt den Rätte Komma In, Suécia , 2007) trata o tema com o rigor necessário, sem ceder a roteiros formulaicos feitos sob medida para a aceitação de Hollywood, e ainda assim conseguiu arrebatar mais de 60 prêmios em festivais em todo o mundo e ainda chamou a atenção da capital do cinema a ponto de um remake americano já ter sido produzido (e ter sido elogiado da mesma maneira).
Oskar é um menino solitário, que sofre bullying de alguns meninos da escola. Obcecado por crimes, ele coleciona notícias policiais dos jornais. Ele não tem amigos, até o dia que uma nova vizinha lhe chama atenção: ela anda pelo pátio do prédio à noite, em pleno inverno sueco, sem agasalho; tem um cheiro estranho; e fechou as janelas do seu apartamento com papelão. Oskar ainda não sabe, mas a tal menina é uma vampira e tem doze anos eternamente. O sentimento que surge entre os dois irá se transformar em amor, e o preço por tal amor será cobrado com sangue.
Mas não estamos falando de uma vampira má, que tem prazer em matar pessoas. Eli é a clássica heroína que mata porque precisa, porque não tem escolha.
O diretor Tomas Alfredson mostra outra subtrama no roteiro, que mostra uma vítima de Eli que sobrevive e começa a se tornar vampira igualmente. Esta história à parte serve para que o público saiba quão difícil é a vida quando se começa a sentir sede e fome de sangue. Trata-se de um didatismo, mas que não prejudica em nada a história principal. História que não tem pressa em se desenvolver. Há momentos de suspense, como os bons filmes de terror, mas também há momentos de ternura, como aqueles vividos por Oskar e Eli em sua descoberta do amor.
Deixe Ela Entrar é filmaço, desses para assistir duas ou três vezes, até que se absorva todos os caminhos e detalhes contidos. Uma pequena obra-prima, que merece ser descoberta.

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A Rede Social

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Quando David Fincher (diretor de Seven, O Curioso Caso de Benjamin Button e Zodíaco) anunciou que seu próximo filme seria a história da criação do maior site de relacionamentos do mundo, o Facebook, eu - como a maioria das pessoas - não botei fé de que algo interessante poderia sair dessa ideia. Mas Fincher tem muito crédito com os cinéfilos, afinal o cara realizou alguns clássicos modernos, já citados anteriormente. Por isso foi-lhe dado um voto de confiança.
O resultado final, se não é totalmente satisfatório, pelo menos não mancha a brilhante carreira do cineasta. Contar a história de Mark Zuckerberg, o mais jovem bilionário da história mostrou-se até uma boa escolha; decisão que teve um bom empurrão do roteirista Aaron Sorkin. Com seu script enxuto e repleto de boas falas, Sorkin entrega um trabalho coeso e consistente.
O filme narra a história de Mark Zuckerberg (Jesse Einsenberg, de Zumbilândia) que juntamente com seu amigo Eduardo Saverin (Andrew Garfield, o novo Homem-Aranha dos cinemas) monta o Facebook, que inicialmente tinha o artigo "the" à frente do nome atual do site. A ideia inicial de Mark era conectar os estudantes da Universidade Harvard, mas logo o projeto cresce e alcança outras escolas pelos EUA e depois na Europa. Interessante mostrar a decadência da amizade entre Mark e Eduardo, onde o último ainda acredita que tem no outro realmente um amigo, enquanto Mark simplesmente começa a ignorar seu parceiro de criação.
O roteiro opta por contar a história a partir de uma audiência em que Eduardo e outros estudantes alegam ter direito a parte do site. Por meio de flashbacks percebemos a interferência decisiva de Sean Parker (Justin Timberlake, muito bem), criador do site de downloads de músicas Napster, na expansão acelerada do Facebook, interferência esta que foi também determinante para a dissolução da sociedade entre Mark e Eduardo.
Hoje, o Facebook tem mais de 500 milhões de usuários em 207 países, e o site vale 25 bilhões de dólares.
É um bom filme, apesar de não concordar com o burburinho pré-Oscar, que o qualifica como um dos favoritos a ganhar algumas estatuetas. Eu apostaria no prêmio de Roteiro Adaptado, e só.
Ao final, a reflexão que fica é: será que vale a pena perder os amigos em nome de tanto dinheiro? Quanto, afinal, vale a solidão?
Só por fazer com que venhamos a pensar a respeito disso, A Rede Social vale a pena ser visto.

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Leonera

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Não é de hoje que escrevo aqui sobre o cinema argentino, sobre como este tem sido vibrante, empolgante e bem sucedido em tocar o coração de quem o descobre. Com Leonera (Argentina, 2008), de Pablo Trapero, a regra não encontra sua exceção. Ao contar o drama de uma presidiária para ficar com seu filho, Trapero demonstra mais uma vez sua paixão por seus personagens. Se em Abutres (2010) a personagem de Martina Gusmán estava presa ao seu trabalho no hospital, em Leonera sua personagem, Júlia, é prisioneira em seu sentido literal. O espectador não tem certeza se ela é culpada ou inocente, o que permite com que o roteiro se concentre estritamente em uma situação desconfortável para quem está preso: Júlia está grávida. Na Argentina as presidiárias podem ficar com seus filhos na prisão até estes completarem 4 anos. Júlia vê seu filho nascer e crescer e o tempo está se esgotando. A performance de Martina Gusmán como a apaixonada mãe Júlia é de cortar o coração, tamanha a entrega com que a atriz desempenha seu papel.
Vale também registrar a boa participação de Rodrigo Santoro no papel de Ramiro, um dos envolvidos no crime de Júlia, embora nunca fique claro como aconteceu o assassinato. Não que isso seja realmente importante, já que o foco do filme de Trapero é simplesmente contar uma história de um amor inexplicável, amadurecimento e força. E nisso ele se sai muitíssimo bem.

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Filmes jovens imperdíveis

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Hoje assisti dois filmes mais voltados para o público jovem lançados este ano. Como gostei dos dois, comento ambos:
A Mentira - Emma Stone está aos poucos se tornando a futura estrela jovem do cinema. Com filmes carregados de hype como Zumbilândia e Superbad - É hoje, a atriz vem se firmando mais e mais como uma promessa. Em A Mentira (Easy A, EUA, 2010), dirigido por Will Gluck, Emma interpreta Olive, uma adolescente no high-school - o Ensino Médio americano. Olive é uma menina comum, ninguém a nota, tem apenas uma amiga, e passa fins de semana inteiros enfurnada em seu quarto pintando as unhas e ouvindo a mesma música incessantemente. Tudo começa a mudar quando ela resolve inventar uma pequena mentira sobre ter perdido a virgindade. A história se espalha incontrolavelmente, e de repente ela se torna conhecida, embora não da maneira que imaginava. O roteiro tem sacadas muito interessantes, cenas que homenageiam clássicos juvenis dos anos 80 (como os filmes de John Hughes) e questionamentos típicos da idade, que certamente levarão muitos adultos a se conectarem com a protagonista. A atuação de Emma Stone é marcante, mas o elenco de apoio também está muito bem: Stanley Tucci e Patricia Clarkson como os pais de Olive estão muito engraçados, bem como Thomas Haden Church, no papel do professor favorito de Olive. Menos interessante é a participação de Lisa Kudrow (a Phoebe, de Friends), talvez por ter sido pouco aproveitada. Mas A Mentira é daqueles filmes sobre os quais ninguém espera nada, mas ao subir dos créditos, levam todos a pensar: "Uau! Acabo de ver um filme muito legal!"

Caindo no Mundo - Este é um filme dirigido por Ricky Gervais e Stephen Merchant, a dupla responsável por uma renovação no humor britânico para o mundo, afinal, os caras criaram a versão original de The Office. Em Caindo no Mundo (Cemetery Junction, Inglaterra, 2010), Gervais e Merchant decidiram dar um tempo na comédia irônica, porém rasgada, e deram mais espaço para um drama sobre a passagem para a idade adulta. Freddie Taylor (o ainda desconhecido Christian Cooke) é um dentre os muitos jovens moradores do bairro inglês de Cemetery Junction, um subúrbio pobre, onde não há muitas opções para o futuro. Sem querer terminar como o pai (o excelente Ricky Gervais), que trabalhou a vida inteira como operário, Freddie consegue emprego como vendedor de seguros, entrando em contato com um mundo inteiramente novo, de carros novos, gente esnobe e aparentemente feliz. Com seus amigos Bruce e Snork, Freddie deixa o paletó de lado e sai pela noite aprontando todas, sendo quem realmente é. Toda a abordagem do roteiro de Caindo no Mundo é fascinante. O contraste que o filme coloca entre a vida estável (emprego, casamento, aposentadoria) e a busca pelos sonhos é algo que Gervais/Merchant fazem muito bem. Se incluirmos o romance, os diálogos hilariantes entre o pai de Freddie e sua avó, e a emoção inesperada trazida pelo clímax, temos em Caindo no Mundo talvez o melhor filme inglês de 2010. Vale muito a pena.

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O Velho e o Mar

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Há tempos que ouvia falar de Ernest Hemingway, romancista estadunidense, Prêmio Nobel de Literatura em 1954, grande nome da prosa norte-americana. Na faculdade o professor de literatura em língua inglesa já mencionou sua obra, tendo citado livros como este O Velho e o Mar (Bertrand Brasil, R$ 18,90). Publicado pela primeira vez em 1952, o livro tornou-se best-seller e foi decisivo na escolha de Hemingway para o Nobel.
O Velho e o Mar conta a história de um pescador que, depois de 84 dias sem apanhar um só peixe, acaba fisgando um de tamanho descomunal, que lhe oferece inusitada resistência e contra cuja força tem de opor a de seus braços, do seu corpo, e, mais do que tudo, de seu espírito.
Uma pequena pérola da literatura mundial, a obra fisga - aproveitando o tema - o leitor de maneira que não se consegue parar até descobrir como Santiago (o velho pescador) conseguirá derrotar o enorme peixe que mordeu sua isca. Há momentos em que Hemingway destila poesia, refletindo sobre a finitude da vida, os sonhos nunca realizados e a força do espírito humano.
"O vento é nosso bom amigo, seja lá como for", pensou [Santiago]. "Às vezes", acrescentou em seguida. "E o grande mar, com os nossos amigos e inimigos. E a cama", acrescentou em pensamento. "A cama é minha amiga. De cama é que eu preciso. Espero por ela com uma grande impaciência. É fácil quando se está vencido", pensou o velho pescador. "Eu nunca tinha sido derrotado e não sabia como era fácil. E o que me venceu?", pensou ele. "Nada". Disse em voz alta. "Fui longe demais".
Não há como esquecer da amizade entre Santiago e Manolin, um garoto que está dando seus primeiros passos como pescador. O respeito e a admiração existente entre os dois é marcante, bem como a reação emocionada de Manolin quando Santiago retorna após 84 dias no mar.
Hemingway criou um conto eterno sobre a relação do homem com o mar, com seu próximo; uma história envolvente e de fácil leitura; uma narrativa magnífica; uma obra-prima inegável, coroada com frases memoráveis, como: "Este peixe é meu irmão, mas tenho que matá-lo."

Santiago e seu adversário quase imbatível

Adaptações para o cinema
Alguns filmes já adaptaram O Velho e o Mar, sendo os mais famosos a produção de 1958, com Spencer Tracy no papel de Santiago; e o curta-metragem de animação de Alexsander Petrov produzido na Rússia, lançado em 1999, e ganhador do Oscar no ano seguinte.
O filme com Spencer Tracy é uma obra de contemplação, talvez a maior atuação do grande ator, que foi casado com Katharine Hepburn.
O curta de animação é simplesmente lindo, e está disponível no YouTube (sem legendas e falado em inglês - clique AQUI para ver). A técnica utilizada por Petrov é tão perfeita e diferente que tem-se a impressão de que se estar vendo uma aquarela animada, viva.

Como se vê, Ernest Hemingway não apenas criou uma obra-prima da literatura, como inspirou outros autores a criarem suas pequenas pérolas sobre O Velho e o Mar. Desfrute você também.

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Abutres

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O cinema argentino mostra a cada ano estar mais forte e competitivo no mercado internacional. Com histórias focadas no cotidiano da sociedade daquele país, nossos hermanos ganham mais admiradores a cada novo filme. O diretor Pablo Trapero (de Leonera) é um dos cineastas mais conhecidos desta safra renovada de criadores. Seu novo filme, Abutres (Argentina, 2010), com lançamento no Brasil marcado para dezembro, foi escolhido para representar seu país na corrida por uma indicação ao Oscar de Filme em Língua Estrangeira. A estatueta mais cobiçada do cinema não é novidade na terra de Gardel: em 2010 o vencedor desta categoria veio de lá. O Segredo dos Seus Olhos arrebatou plateias por onde passou. Mas manter a onda vencedora não é tarefa fácil, e Trapero sabe disso.
É por isso que o diretor fez de Abutres uma pequena obra-prima. Com um ritmo incomum para filmes de temática violenta, Abutres é uma história que vale a pena ser assistida. A trama envolve Sosa (Ricardo Darín, ótimo de novo) um advogado afastado da Ordem por razões nunca explicadas que vive nos hospitais em busca de vítimas de acidentes de trânsito, na ânsia de abocanhar alguns pesos de comissão da indenização das seguradoras. Mas não somente isso: Sosa passou a também simular acidentes para provocar o recebimento destas indenizações. Em uma solução lógica do roteiro, Sosa conhece Luján (Martina Gusman, mulher do diretor) paramédica que trabalha de plantão em plantão, atendendo as vítimas dos acidentes. Ela, uma prisioneira dos plantões; ele, prisioneiro do sistema. O romance dos dois, mesmo sendo o estopim de situações difíceis, é o alívio dramático da trama, que mostra com crueldade pernas quebradas, espancamentos e todo um desprezo pela ética.
Ao não fazer concessões no que diz respeito ao final, Trapero mostra uma força narrativa muito firme, encerrando o filme com um clímax até previsível, mas que traduz tudo o que sua história quis expressar.

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22 Balas

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Imagine ser atingido por 22 tiros e sair vivo! Pois é isso o que acontece com Charly, o ex-mafioso vivido por Jean Reno em 22 Balas, thriller francês que no Brasil saiu direto em DVD. O filme de Richard Berry é uma obra violenta sobre vingança e redenção, que ainda se dá ao luxo de tratar de família como bem indispensável. Jean Reno mostra-se muito à vontade com esse tipo de filme, fazendo um personagem angustiado e sedento por vingança contra seus ex-companheiros de crime, que tentaram executá-lo.
Vale a pena um parágrafo desta humilde resenha para mencionar a cena da execução, muitíssimo bem feita, com um realismo poucas vezes visto no cinema. Esta cena, logo no começo do filme, dá o tom de violência para todo o resto da trama, recheando a boa história - os personagens principais são bem desenvolvidos - com cenas de perseguições e tiroteios que não fazem feio em nenhum momento.
22 Balas é uma boa opção para quem procura um filme com ação sem abrir mão do roteiro. Não serão duas horas desperdiçadas, eu garanto.

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Ótimos Novos Filmes de Quadrinhos

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No mês de julho eu postei aqui um artigo sobre os filmes baseados em quadrinhos mais bacanas que chegariam ainda este ano (para ler, clique aqui). Aproveitando que um deles (Scott Pilgrim Contra o Mundo) estreou no último fim de semana os cinemas, resolvi escrever minha opinião sobre os filmes. Aí vai:
Scott numa pancadaria massa contra um dos malignos ex-namorados
Scott Pilgrim Contra o Mundo - Dirigido por Edgar Wright, o filme traz Michael Cera - fazendo o mesmo papel de sempre, perfeito para ele - como o Scott do título. Um nerd bacana, baixista em uma banda indie de Toronto, Scott está namorando uma colegial de 17 anos e acha que as coisas estão bem para ele, até que conhece Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), uma garota misteriosa, por quem acaba se apaixonando. Mas Scott não sabe que para poder desfrutar do namoro com Ramona, terá que derrotar seus 7 ex-namorados malignos. Lendo a sinopse assim, crua, pode-se pensar que se trata de um filme bobinho, sem sal, que fará a alegria das Sessões da Tarde futuras. Mas Scott Pilgrim Contra o Mundo é muito, mas muito legal mesmo! É uma explosão nerd, um filme de videogame sem ter sido baseado em um;  é filme de quadrinhos sem usar de nenhum clichê previamente estabelecido por outros filmes do gênero; é filme adolescente sem apelar para sentimentalismos baratos. As cenas de lutas são muito bem coreografadas, e homenageiam os games de luta mais clássicos, como Street Fighter e Mortal Kombat. E ainda tem certos questionamentos coerentes com a idade de seu público alvo. Vale a pena assistir e se divertir com Scott Pilgrim. O filme mais cultura pop da cultura pop.
Elenco pra ninguém botar defeito
Red - Aposentados e Perigosos - Frank Moses (Bruce Willis) é um agente da CIA aposentado cujos dias entendiantes são preenchidos com flertes telefônicos com sua atendente da Previdência, vivida por Mary-Louise Parker. Quando descobre que está sendo caçado por causa de uma missão misteriosa de anos atrás, resolve unir sua antiga equipe de campo e investigar a conspiração por trás dessa caçada. É quando entram em cena Morgan Freeman (Invictus), John Malkovich (Quero Ser John Malkovich), Brian Cox (O Ultimato Bourne) e Helen Mirren (A Rainha), formando um dos melhores elencos reunidos em um único filme este ano. Baseado na minissérie de Warren Ellis e Cully Hammer (que sai este mês no Brasil pela Panini Comics), RED é filme de ação e espionagem que usa com sucesso alguns elementos já consagrados pela trilogia de Jason Bourne e pelos mais recentes filmes de James Bond. Claro que o acréscimo do humor torna tudo ainda mais maleável e interessante. RED - Aposentados e Perigosos estreia em 12 de novembro no Brasil. Assista e divirta-se muito.

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The Walking Dead - Uma série muito viva

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Poucas séries geram tanto barulho antes da estreia quanto The Walking Dead, produção do canal pago americano AMC, fez. Toda a expectativa estava restrita ao círculo nerd dos leitores de quadrinhos. Isso porque a série é uma adaptação de Os Mortos Vivos, HQ escrita por Robert Kirkman e desenhada por Charlie Adlard. O gibi é um sucesso de vendas (e crítica) nos EUA, especialmente os encadernados, e já passa do número 78. Kirkman conseguiu fazer com sua HQ o melhor retrato pop de zumbis desde que George A. Romero lançou seu A Noite dos Mortos-Vivos em 1968; a história é muito mais focada nos sobreviventes à terrível epidemia que tomou conta do mundo do que nos zumbis em si. Mas isso não significa que não haja uma boa dose de suspense, terror, vísceras à mostra e muito, muito sangue. Com Os Mortos Vivos, Robert Kirkman alcançou status de cult.
O anúncio da produção de um seriado baseado nos quadrinhos gerou um alvoroço imenso no meio dos fanáticos, mas o hype se estendeu para além do mundinho nerd, especialmente quando se soube que o produtor e diretor do piloto da série seria ninguém menos que Frank Darabont, diretor de Um Sonho de Liberdade, À Espera de um Milagre e mais recentemente, uma obra-prima do cinema de horror: O Nevoeiro, mostrando capacidade de criar climas de tensão e paranoia como poucos cineastas da atualidade. Com Darabont à frente do programa e uma exposição muito disputada do seriado na San Diego Comicon, The Walking Dead foi ganhando o rótulo de cult muito tempo antes da estreia.
"Opa, aqui não é um bom lugar para ficar, não!"
Meses de espera (da minha parte, a expectativa era altíssima) depois, eis que a série é tudo o que se esperava e mais um pouco. O clima sombrio - ainda que muitas cenas sejam à luz do dia -, as entranhas , mandíbulas e pele pútrida dos zumbis à mostra, e o policial Rick Grimes (Andrew Lincoln) à procura de sua esposa e filho em meio ao caos instalado nos EUA. Tudo é perfeito no primeiro episódio: fotografia ímpar, atuações ótimas, roteiro que se encaixa muito bem à televisão (você quer ver o próximo episódio logo), e uma maquiagem sensacional, feita como se fosse uma produção cinematográfica.
Nada mal para o começo. E que terça-feira chegue logo!

No Brasil, The Walking Dead é exibido toda terça-feira, às 22:00 (horário de Brasília), na Fox.

BAIXE AQUI O TORRENT E A LEGENDA

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Veja a primeira foto do Capitão América nos cinemas

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Chris Evans como Steve Rogers, o Capitão América
O primeiro escudo do Capitão
A Marvel está fazendo tudo certo. Ao criar todo o seu universo no cinema, a editora/estúdio mostra respeito aos fãs e atitude para arregimentar novos fãs para seus personagens. Em 2011 teremos Thor e Capitão América. Caiu na rede as fotos publicadas esta semana pela revista Entertainment Weekly, que mostram pela primeira vez o ator Chris Evans vestindo o famoso uniforme estrelado e empunhando o escudo indestrutível. Ficou tudo muito bacana, e parece que o diretor Joe Johnston (O Lobisomem, Rocketeer) está acertando mais uma vez. Confira as fotos:
Agentes da HIDRA, organização nazista

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Revendo a História do Brasil

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Best-Seller nacional, figurando em todas as listas dos mais vendidos há meses, o Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil é uma das melhores coisas que publicadas este ano. O autor Leandro Narloch, jornalista que já foi editor das revistas Aventuras na História e Superinteressante, sabe bem como escrever textos que tratem de questões acadêmicas sem ser chato. O livro flui muitíssimo bem, e a leitura é muito divertida, mesmo tratando de temas polêmicos e caros para quem estudou certas coisas na escola, coisas tais que sempre tiveram status de verdade absoluta na história, mas Leandro Narloch as desmente.


Leandro Narloch
 Por exemplo, a história de Zumbi dos Palmares. Todos os livros escolares têm Zumbi como um herói nacional, uma espécie de líder socialista nos rincões do país. Mas o Guia desmente essa versão, ao afirmar que não apenas Zumbi não era um herói, como também tinha escravos. O que ele queria de fato era instalar em Palmares um novo reino africano. O autor argumenta que é muita ingenuidade acreditar que séculos antes das ideias iluministas surgidas na Europa, um quilombo fosse o ideal de igualdade entre os homens que é pregado por vários autores.
Outro tema polêmico é o que trata da matança dos índios. O Guia afirma que grande parte da culpa pelo massacre é dos próprios índios. Lendo este capítulo, me peguei pensando: não é que é mesmo? Afinal, para os nativos das terras brasileiras, eles mesmos não se consideravam "índios". Cada tribo era uma nação, que saía para a guerra com outras tribos, e cometia atrocidades. Uma das constatações mais surpreendentes (ao menos para mim, que não sou historiador) é a de que os índios nem mesmo conheciam a roda!

Outros personagens "sagrados" da historiografia brasileiras são totalmente destratados por Leandro Narloch, como os comunistas que lutaram contra a ditadura militar, a Coluna Prestes, o fato de muitos escravos serem libertos para simplesmente sonharem em terem seus próprios escravos, etc.

O Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil (Editora Leya) é uma leitura muito prazerosa e informativa. Merecidamente, está entre os best-sellers brasileiros. E para quem acha que um livro só é pouco, o autor está preparando uma obra semelhante, desta vez para descontruir os mitos da história da América Latina. Os esqueletos de Che Guevara, Bolívar e de muitos outros devem estar se revirando.

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Filmes Novos e uma Comédia Obscura de Scorsese

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Hoje foi um dia e tanto para ver filmes. Tenho uma fila de filmes baixados e queimados em DVD que ainda não tive tempo hábil para assistir. Mas hoje, a fila andou. Foram três produções, que destaco agora.


PREDADORES – Robert Rodriguez produziu esta volta às origens da série Predador, apagando (ou pelo menos tentando) da memória as péssimas bombas cometidas recentemente – Alien vs. Predador 1 e 2. Neste recomeço da franquia, guerreiros de elite da terra são lançados em uma floresta alienígena e passam a ser caçados por um grupo de predadores. O diretor Ninrod Antal situa seu filme em um cenário semelhante àquele do primeiro filme da série, no qual Arnold Schwarzenegger combate um dos monstros caçadores, e ao mesmo conecta o filme a uma tendência recente de filmes de ação, segundo a qual os heróis destes filmes não têm que ser uma massa de músculos para derrotar seus inimigos. Adrien Brody está muito bem como o líder dos guerreiros que, um a um, vão servindo de presa para os alienígenas. Interessante também conferir a participação de Alice Braga, cada vez mais crescendo em Hollywood (seu próximo filme por lá é The Rite, suspense com Anthony Hopkins) e mostrando muito talento. É claro que em um filme desse tipo não se espera que haja um desenvolvimento maior de personagens, conflitos psicológicos e tal. Mas o roteiro guarda algumas surpresas para o final e, como não poderia deixar de ser, um gancho para uma possível sequência. Vale a sessão.

ENCONTRO EXPLOSIVO - Depois de estrelarem Vanilla Sky, Tom Cruise e Cameron Diaz voltam a contracenar nesta boa comédia de ação do gênero de espionagem feita para agradar a homens e mulheres. Digo isso porque há uma boa dose de cenas de ação bem elaboradas, sem abrir mão do romance. E a química entre Cruise e Diaz é algo interessante de se ver. Cruise é Roy Miller, um agente do FBI que conhece June Haven (Cameron). Os dois se apaixonam - ou pelo menos é o que parece - e se envolvem em uma trama de perseguição e intrigas que, apesar de ser rasa, não deixa de prender a atenção. O mérito é todo do casal de astros, que nunca deixa o filme ficar entediante. O diretor James Mangold (Identidade, Johnny e June) entrega uma produção divertida, e possivelmente o melhor filme de Cameron Diaz em anos.

DEPOIS DE HORAS - Um filme quase desconhecido de Martin Scorsese, Depois de Horas é injustamente relegado a último plano quando se relembra a obra do cineasta. Trata-se de uma comédia que brinca com maestria com a questão do azar e das coincidências. Griffin Dunne faz o papel do cara que conhece uma loira em um bar e acha que se deu bem. O que acontece daí para a frente é uma sucessão de situações ora trágicas ora cômicas, que impedirão o protagonista de voltar para casa durante toda a noite. Ele vai causar o suicídio de uma mulher, será acusado de assalto, perderá suas chaves, seu dinheiro, e se tornará uma estátua de papel-machê (é isso mesmo!). Totalmente surreal, Depois de Horas é um verdadeiro clássico do Corujão, e completamente anos 80, com seu figurino espalhafatoso e seu clima nostálgico. Absolutamente imperdível.

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Como Treinar o Seu Dragão

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Soluço é um viking incomum. Não tem talento para nenhuma das atividades favoritas de sua tribo: caça, luta, etc. O grande problema é que ele é filho do chefe da tribo, e seu povo é constantemente atacado por hordas de dragões, o que torna a luta algo praticamente indispensável no lugar. Durante um ataque noturno dos seres alados piromaníacos, Soluço consegue acertar um dragão de uma raça que ninguém jamais viu: Fúria da Noite. Quando vai até a floresta em busca de sua presa, Soluço se depara com um animal assustado e indefeso. Com pena, não o mata, e isso muda totalmente o rumo do filme, ao mostrar que talvez essa relação de guerra entre vikings e dragões pode ser equivocada.
Como Treinar o Seu Dragão é um filme sensacional, que traz uma animação extraordinária, que ganha força exatamente nas cenas de voo e de combate aéreo, com muita ação e agilidade, dificilmente encontradas em filmes do gênero, isso lembrando inclusive de filmes live-action, como Top Gun, Flyboys e Cavaleiros do Ar.
Os personagens são bem desenvolvidos e a amizade surgida entre Soluço e Banguela (o dragão, que aparentemente não tem dentes) é emocionante e toda a transformação ocorrida gradualmente na maneira em que a cultura de caça aos dragões é alterada, torna o filme ainda mais interessante.
Em termos de animação, a Dreamworks tem seguido um caminho diferente de sua principal concorrente, a Pixar. O estúdio cada vez mais tem optado por adaptações de obras literárias, e tem feito isso com sucesso, produzindo filmes excelentes e com forte carga emocional. É bom ver que o estúdio não é refém das sequências de Shrek, e bons filmes têm surgido, como Os Sem-Floresta. Que venham mais.

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Central do Brasil (da série 1001 Filmes)

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Josué e Dora, na emblemática cena em que ela volta a ser quem sempre deveria ter sido.
Poucos filmes são tão tristes e belos como Central do Brasil. É certo que eu sou um cara bastante emotivo, mas o filme que Walter Salles dirigiu em 1998 é realmente marcante e tocante. A história do amor mais puro nascido entre Dora (Fernanda Montenegro) e Josué (Vinícius de Oliveira) traz lágrimas aos olhos dos que, como diz a Dora na fala que encerra o filme, têm saudade. Saudade de filmes que tocam o coração sem que te puxem pelo braço e te forcem a chorar. Saudade de filmes que simplesmente contem boas histórias, sem apelar para clichês estigmatizados por Hollywood. Não há um momento em Central do Brasil que fuja da proposta do filme: mostrar pessoas de verdade, sem forçar barra, sem artificialidade.
E há que se comentar a atuação de Fernanda Montenegro. Fernanda, talvez a maior atriz brasileira de todos os tempos, mostra com Dora que é no cinema seu ponto de escape para a efemeridade das novelas televisivas. Nada contra suas atuações em alguns folhetins, como em Belíssima, e outras produções globais que não me recordo no momento. Mas é mesmo no cinema (e no teatro) que Fernanda arrebata o coração do público. Em Central do Brasil sua Dora é o retrato da indiferença, frieza adquirida com as cicatrizes que a vida lhe deu. Um ser humano precisando ser resgatado. Quando ela conhece Josué (defendido com talento pelo novato Vinícius de Oliveira), vê no menino uma possibilidade de ganhar algum dinheiro, vendendo-o para adoção. Ao saber que os "intermediadores" de adoções são na verdade traficantes de menores, ela o resgata, e tendo que fugir, entra em um ônibus e parte com o garoto para o nordeste, onde ele encontrará o pai sumido. Tem início um típico road-movie, no qual os protagonistas se conhecerão e serão conhecidos. É claro que esta viagem fará uma transformação no coração de Dora. E é algo sublime.
Walter Salles não mostra com seu filme o que alguns chamam de "estética da pobreza". Não embeleza os cenários, nem faz filme "para gringo ver". Central do Brasil é uma história sincera, que mostra um Brasil que nem mesmo os brasileiros conhecem e fez pelo cinema nacional o que só Cidade de Deus faria, anos depois. Basta lembrar que foi indicado a 2 Oscar, incluindo a indicação inédita de uma atriz sul-americana ao prêmio máximo do cinema. E pensar que Fernanda Montenegro perdeu para a insossa Gwyneth Paltrow!

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Os 20 melhores filmes dos últimos 20 anos

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O site IMDB (Internet Movie Data Base), a maior e melhor fonte de informações sobre cinema do mundo, está completando 20 anos em outubro. Para celebrar, várias coisas legais foram colocadas no site, incluindo esta lista com os 20 melhores filmes destas últimas duas décadas. Aí está a lista, com comentários meus.

20. Matrix (1999), dos Irmãos Wachowski
Por que não pararam por aqui? Um filme completo, uma ficção científica revolucionária, uma visão profética de um futuro não muito longe da realidade. Interessante notar que depois deste, os Wachowski nunca mais foram os mesmos.

19. O Sexto Sentido (1999), de M. Night Shyamalan
Eu também fui pego de surpresa. E pensar que Shyamalan era tido como o "novo Spielberg", ao lidar com tanta destreza com o universo da criança sem nunca perder o lado assustador, e ainda trazendo Bruce Willis de volta do limbo. Depois deste, o diretor só seria feliz novamente em Corpo Fechado e (guardadas as devidas proporções) Sinais.

18. Os Excêntricos Tenembaums (2001), de Wes Anderson
Wes Anderson já era um diretor aplaudido por Rushmore (Três é Demais, no Brasil. Pois é.), mas foi com este filme que ele mostrou que era - e continua sendo - um dos cineastas mais originais e melancólicos que o cinema trouxe nestas últimas décadas.

17. Clube da Luta (1999), de David Fincher
Se Seven foi um filme arrebatador, com Clube da Luta David Fincher não poupa o espectador em nenhum momento. De longe o melhor papel de Brad Pitt, Tyler Durden é um dos vilões  - isso não quer dizer que haja algum mocinho no filme - mais marcantes da história.

16. A Origem (2010), de Christopher Nolan
Sem dúvida o melhor filme de ficção científica e ação desde Matrix. Interessante e original, sem deixar de ser divertido desde o primeiro frame. Leonardo Di Caprio em um papel majestoso, efeitos especiais acachapantes, roteiro perfeito.

15. Os Bons Companheiros (1990), de Martin Scorsese
Um clássico instantâneo, a obra de Scorsese é inesquecível. Envolvente, violenta e que nunca dá soluções fáceis. E pensar que perdeu o Oscar de melhor filme para Dança com Lobos...

14. Um Outra História Americana (1998), de Tony Kaye
O filme que fez muita gente virar fã de Edward Norton. Contundente e relevante.

13. Ligeiramente Grávidos (2007), de Judd Apatow
Apatow e sua turma mais uma vez entregam uma comédia espetacular, que consegue fazer rir sem abrir mão da emoção. A cena do parto é sem dúvida uma das mais sensacionais já filmadas.

12. O Grande Lebowski (1996), de Joel & Ethan Coen
Se Jeff Bridges não for lembrado por nenhum outro filme de sua carreira, ainda assim quem assistiu a O Grande Lebowski nunca se esquecerá. Engraçado como nenhum outro filme dos irmãos Coen. Uma das melhores e mais inteligentes comédias que consigo me lembrar.

11. Corra, Lola, Corra (1998), de Tom Tykwer
Nunca uma mulher de cabelo bem vermelho, correndo pelas ruas em três maneiras de contar uma mesma história foi tão legal e empolgante.

10. Distrito 9 (2009), de Neill Blomkamp
A mistura de ficção científica com crítica social rendeu um sucesso estrondoso, de público e crítica. A ideia de refugiados alieníginas confinados a uma favela sul-africana é simplesmente brilhante.

9. Filhos da Esperança (2006), de Alfonso Cuáron
Poucos filmes do gênero "futuro apocalíptico" são tão interessantes quanto este, desde a ideia inicial até a execução. De todas as produções do tipo, este é meu favorito.

8.Gladiador (2000), de Ridley Scott
A renovação dos filmes épicos só foi possível graças a Gladiador, uma das raras produções que pode se orgulhar de ter simplesmente todos a seu lado. Neste caso, a unanimidade não tem nada de burra.

7. Los Angeles: Cidade Proibida (1997), de Curtis Hanson
Com tantas atuações tão brilhantes e um roteiro tão denso, Los Angeles não sai da cabeça da gente, mesmo horas (ou até anos) depois da projeção. O noir mais colorido  - e ao mesmo tempo mais acinzentado - de que se tem notícia.

6. O Cavaleiro das Trevas (2008), de Christopher Nolan
Este tem dono: Heath Ledger, com seu Coringa distópico, anárquico e mal até a medula, enterrando a versão cartunesca de Jack Nicholson no filme de Tim Burton. Ledger é a alma do filme.

5. Pulp Fiction - Tempo de Violência (1994), de Quentin Tarantino
Assassinos que citam a Bíblia? Confere. Cenas antológicas? Confere. Diálogos geniais? Estão lá. No fim, o saldo de Pulp Fiction é mais que positivo. É a receita de um clássico.

4. O Show de Truman (1998), de Peter Weir
Profético e majestoso. Assim se define a fábula visionária de Peter Weir, com a melhor performance de Jim Carrey. Se você ainda não viu, corra para a locadora!

3. O Senhor dos Anéis (2001-2003), de Peter Jackson
Impossível separar apenas um dos filmes para colocar aqui. Chega a ser lugar comum falar da importância da maior série de fantasia de todos os tempos.

2. Os Imperdoáveis (1992), de Clint Eastwood
Eastwood realizou o último grande western de que se tem notícia e se firmou como um dos grandes cineastas que já apareceu no cinema. Uma lenda viva.

"Aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro."
1. A Lista de Schindler (1994), de Steven Spielberg
A imagem de uma menininha de vestido vermelho - em meio a um mar em preto e branco - correndo para fugir do massacre iminente, é das coisas mais tristes e ternas que o cinema já presenciou. Mas o filme é mais que apenas uma cena. Lembrar de Schindler (Liam Neesom) e Itzhak (Ben Kingsley) elaborando a lista que libertaria mais de mil judeus é uma experiência simplesmente arrebatadora. Spielberg nunca mais foi o mesmo depois de Schindler. O mundo do cinema também não.

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Estou Aqui - Um Curta de Spike Jonze

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Spike Jonze tem gradualmente se firmado como um dos cineastas mais criativos de sua geração. É dele a direção de Quero Ser John Malkovich e Onde Vivem os Monstros, filmes que lidam com universos surreais, mas que dizem algo sobre nosso próprio universo.
Em Estou Aqui (I'm Here, EUA, 2010), um curta patrocinado pela marca de vodka Absolut, Jonze não abre mão de sua característica e conta uma bela história de amor. E já que estamos falando de um mundo fora do comum, esta história é entre dois robôs.
Sheldon (Andrew Garfield, o novo Homem-Aranha nos cinemas) é um robô bibliotecário que vive sua vida sem nenhuma novidade. Sua rotina é ir de casa para o trabalho e do trabalho para casa. A decoração de seu apartamento reflete bem sua existência: vazia, sem cores nem nada que a torne mais interessante. Tímido e retraído, ele conhece Francesca (Sienna Guillory), uma robô com aparência (e personalidade) feminina cujo senso de liberdade logo o contagia. Eles iniciam uma amizade que logo se transformará em amor. Um amor que será capaz de abrir mão de tudo para ver o outro feliz.
Interessante notar que em Estou Aqui nenhuma cena é despropositada, cada imagem reflete um retrato de uma sociedade igualmente vazia. Quando estão em cena, os humanos raramente têm voz, e quando têm, a usam para criticar os robôs, embora aparentemente a convivência entre robôs e humanos seja pacífica. Pode-se argumentar o contrário, quando Francesca chega na casa de Sheldon sem uma perna. Não são dadas explicações sobre o que houve, então a pergunta fica no ar.
Estou Aqui é um filme belíssimo, com uma trilha sonora doce e cheia de poesia, efeitos especiais muito criativos e uma fotografia que privilegia a clareza do sol em momentos românticos e a cor acinzentada da penumbra do vazio.
Um filme para ver e rever, uma produção que permanecerá na memória por um bom tempo.

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As 33 Maiores Trilogias do Cinema

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E a revista inglesa Empire lança mais uma de suas listas. Nesta nova empreitada, no entanto, a revista contou com a votação dos visitantes do site e fez uma seleção criativa e interessante. Importante: algumas trilogias relacionadas ganharam quartas partes. Foram contabilizadas pelo fato de que suas partes número 4 foram tentativas pífias (em sua maioria) dos produtores de capitalizarem em cima dos filmes originais. A única e honrosa exceção foi a segunda trilogia de Star Wars. Confira e comente.
33. A Trilogia de "Jersey"
Filmes: O Balconista, Barrados no Shopping e Procura-se Amy
Diretor: Kevin Smith
Filme mais fraco: Barrados no Shopping

32. Hannibal Lecter
Filmes: O Silêncio dos Inocentes, Hannibal e Dragão Vermelho
Diretores: Jonathan Demme, Ridley Scott, Brett Ratner
Filme mais fraco: Hannibal

31. Trilogia de Bergman
Filmes: Através de um Espelho, Luz de Inverno e O Silêncio
Diretor: Ingmar Bergman
Filme mais fraco: Através de um Espelho

30. Missão Impossível
Filmes: as partes 1, 2 e 3.
Diretores: Brian de Palma, John Woo e J. J. Abrams.
Filme mais fraco: a parte 2, com reviravoltas ridículas e mentiras exageradas demais!

29. Trilogia dos Mortos
Filmes: A Noite dos Mortos Vivos, Madrugada dos Mortos, O Dia dos Mortos
Diretor: George A. Romero
Filme mais fraco: fica difícil dizer, já que os três são maravilhosos, mas eu diria O Dia, por ter sido o que mais sofreu com imitações sofríveis.

28. Trilogia Mariachi
Filmes: El Mariachi, A Balada do Pistoleiro, Era Uma Vez No México
Diretor: Robert Rodriguez
Filme mais fraco: Era Uma Vez No México

27. Trilogia Millenium
Filmes: Os Homens que Não Amavam as Mulheres, A Menina que Brincava com Fogo, A Rainha do Castelo de Ar
Diretores: Niels Arden Oplev, Daniel Alfredson, Daniel Alfredson
Filme mais fraco: A Menina que Brincava com Fogo

26. Trilogia Blade
Filmes: Blade - O Caçador de Vampiros, Blade 2, Blade Trinity
Diretores: Stephen Norrington, Guillermo Del Toro, David Goyer
Filme mais fraco: Blade Trinity

25. Trilogia dos Ducks (lembre-se de que foi uma votação!)
Filmes: Nós Somos os Campeões 1, 2, 3
Diretores: Stephen Herek, Sam Weisman, Robert Lieberman
Filme mais fraco: tá brincando? É difícil, mas vamos dizer a terceira parte desta infame trilogia.

24. Trilogia Austin Powers
Filmes: Austin Powers - 000, Um Agente Nada Discreto, Austin Powers - O Agente 'Bond' Cama, Austin Powers em O Homem do Membro de Ouro
Diretor: Jay Roach
Filme mais fraco: O Homem do Membro de Ouro

23. Trilogia Mad Max
Filmes: Mad Max, Mad Max 2, Mad Max - Além da Cúpula do Trovão
Diretores: George Miller, George Miller, George Miller & George Ogilvie
Filme mais fraco: Além da Cúpula do Trovão

22. Trilogia Conflitos Internos
Filmes: as partes 1, 2 e 3
Diretores: Lau Wai-keung & Alan Mak
Filme mais fraco: toda a trilogia é excelente, mas talvez seja o terceiro.

21. O Exterminador do Futuro
Filmes: O Exterminador do Futuro, Parte 2 - O Julgamento Final, Parte 3 - A Rebelião das Máquinas
Diretores: James Cameron, Jonathan Mostow
Filme mais fraco: a parte 3. Não tem Linda Hamilton, nem a direção de James Cameron

20. X-Men
Filmes: as partes 1, 2 e 3 - sendo a última parte chamada de O Confronto Final
Diretores: Bryan Singer, Brett Ratner
Filme mais fraco: sem sombra de dúvida, o terceiro filme. Personagens demais para roteiro de menos.
19. Corra que a Polícia Vem Aí
Filmes: as partes 1, 2 1/2 e 33 1/3
Diretores: David Zucker, Peter Segal
Filme mais fraco: a parte 33 1/3

18. Trilogia da Vingança
Filmes: Mr. Vingança, Oldboy, Lady Vingança
Diretor: Park Chan-Wook
Filme mais fraco: Lady Vingança

17. Pânico
Filmes: as partes 1, 2 e 3
Diretor: Wes Craven
Filme mais fraco: a parte 3

16. Trilogia Homem-Aranha
Filmes: as partes 1, 2 e 3
Diretor: Sam Raimi
Filme mais fraco: definitivamente, a parte 3. Alguém discorda?

15. As prequels de Star Wars
Filmes: A Ameaça Fantasma, O Ataque dos Clones, A Vingança dos Sith
Diretor: George Lucas
Filme mais fraco: disputa difícil entre A Ameaça Fantasma e O Ataque dos Clones

14. Duro de Matar
Filmes: as partes 1, 2 e 3 - A Vingança
Diretores: John McTiernan, Renny Harlin (parte 2)
Filme mais fraco: a parte 2

13. Piratas do Caribe

Filmes: A Maldição do Pérola Negra, O Baú da Morte, No Fim do Mundo
Diretor: Gore Verbinski
Filme mais fraco: No Fim do Mundo, afinal ninguém merece ver um filme de quase três horas com apenas duas cenas de ação.

12. Trilogia Alien
Filmes: Alien - O Oitavo Passageiro, Aliens - O Resgate, Alien 3
Diretores: Ridley Scott, James Cameron, David Fincher
Filme mais fraco: Alien 3, sem pestanejar. Idas e vindas de diretores e o que recebeu os créditos caiu fora quando não o deixaram editar o filme.

11. Trilogia das Cores
Filmes: A Liberdade é Azul, A Igualdade é Branca, A Fraternidade é Vermelha
Diretor: Krzysztof Kieslowski
Filme mais fraco: A Igualdade é Branca, mas só porque a gente tem que apontar um mais fraco.

10. Trilogia The Evil Dead (Uma Noite Alucinante)
Filmes: as partes 1, 2 e 3
Diretor: Sam Raimi
Filme mais fraco: a parte 3.

9. Trilogia Matrix
Filmes: Matrix, Matrix Reloaded, Matrix Revolutions
Diretores: Irmãos Wachowski
Filme mais fraco: Reloaded. Rave em Zion?

8. Trilogia dos Dólares

Filmes: Por Um Punhado de Dólares, Por Uns Dólares a Mais, Três Homens em Conflito
Diretor: Sergio Leone
Filme mais fraco: Por Uns Dólares a Mais, que ainda é excelente.

7. Indiana Jones
Filmes: Os Caçadores da Arca Perdida, O Templo da Perdição, A Última Cruzada
Diretor: Steven Spielberg
Filme mais fraco: essa é difícil (de novo). Mas fico com O Templo da Perdição.

6. A Trilogia Bourne 
Filmes: A Identidade Bourne, A Supremacia Bourne, O Ultimato Bourne
Diretor: Doug Liman, Paul Greengrass (os dois últimos)
Filme mais fraco: comparando com os filmes de Paul Greengrass, A Identidade perde em ritmo.

5. O Poderoso Chefão 
Filmes: As partes 1, 2 e 3
Diretor: Francis Ford Coppola
Filme mais fraco: sem hesitação: a parte 3. Motivo? Sofia Coppola, filha do diretor, estreando como atriz. Ainda bem que ela virou cineasta (e das boas).

4. Toy Story 
Filmes: As partes 1, 2 e 3.
Diretores: John Lasseter, Lee Unkrich (o último)
Filme mais fraco: desculpe, mas nessa eu passo. Filme da Pixar? Não tem ruim. Nem fraco.

3. Trilogia De Volta Para o Futuro
Filmes: As partes 1, 2 e 3.
Diretor: Robert Zemeckis
Filme mais fraco: outra tarefa complicada. Mas a que eu menos gosto é a parte 3.

2. Trilogia Star Wars original
Filmes: Guerra nas Estrelas, O Império Contra-Ataca, O Retorno de Jedi
Diretor: George Lucas, Irvin Kershner, Richard Marquand
Filme mais fraco: alguns dizem que é O Retorno de Jedi, mas honestamente, eu adoro os três.

O Senhor dos Anéis, a primeira colocada. Alguma novidade?
1. O Senhor dos Anéis
Filmes: A Sociedade do Anel, As Duas Torres, O Retorno do Rei.
Diretor: Peter Jackson
Filme mais fraco: sério que você não sabia que trilogia seria a vencedora? Não tem como não concordar com a lista neste ponto. Cenário maravilhoso, atuações magistrais, efeitos especiais que não perdem seu brilho, desenvolvimento de personagens sensacional, um roteiro que não deixa nenhuma ponta solta. Sem falar na montanha de Oscars. Filme mais fraco? Tá brincando?


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Filmes para uma tarde preguiçosa

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Alguns filmes são assim: a gente sabe o final, mas ainda assim se propõe a assistir, como um prazer passageiro, a ser aproveitado em um momento de preguiça. Filmes que não exigem demais da cabeça, já sobrecarregada com os problemas do dia a dia. Aqui estão alguns deles:
Casa Comigo? - Comédia romântica com Amy Adams (Julie e Julia) e Matthew Goode (o Ozymandias, de Watchmen), o filme do diretor Anand Tucker (Garota da Vitrine) abraça quase todos os clichês do gênero: os dois protagonistas começam se odiando, mas todo mundo já sabe que no final estarão apaixonados; a mocinha começa o filme namorando um cara que não tem nada a ver com ela, e que claramente não a ama; o cenário europeu (o filme se passa na Irlanda) é um convite ao romance; como um road movie, a película até que funciona - claro, respeitando também os clichês dos road movies. A história: Anna Brady é uma decoradora de interiores, romântica, que sonha em se casar com seu namorado, mas ele nunca faz o pedido. Por ser de origem irlandesa, ela descobre uma tradição em seu país que permite que as mulheres proponham casamento aos homens no dia 29 de fevereiro (ano bissexto, o nome original do filme - Leap Year). Aproveitando que o namorado estará na Irlanda a negócios justamente neste dia, ela viaja até lá só para propor casamento. Claro que as coisas não darão certo, e ela conhecerá um irlandês machão (mas sensível) que fará com que ela repense seus planos.
Tá bem, o final é previsível, mas Amy Adams é uma gracinha, e tem timing para comédias do gênero. A Sessão da Tarde agradece.
Dupla Implacável - Tudo bem, o filme é do mesmo diretor de Busca Implacável, sucesso surpresa de 2008 com Liam Neeson destruindo Paris em busca da filha, mas precisavam os executivos brasileiros batizarem o filme seguinte do diretor como se fosse uma sequência? Reclamações à parte, Dupla Implacável é um thriller até razoável, embora seja confuso, sobre um aspirante a agente da CIA (Jonathan Rhys-Meyers) que conhece um agente experiente (John Travolta, com uma careca maneira) e ingressa numa caçada a terroristas pelas ruas de Paris. A escolha da cidade é óbvia quando sabemos que a produção ficou por conta do francês Luc Besson. Filme rápido, totalmente descartável, mas que rende alguns minutos de diversão descompromissada. Previsão: esse será reprisado à exaustão no Domingo Maior.

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Manifesto em Defesa da Democracia

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Dando uma pausa nos assuntos cinematográficos, vamos falar de política.
Diante da situação lamentável que se encontra o governo do país, cidadãos indignados criaram o Manifesto em Defesa da Democracia, uma carta aberta que condena as atitudes que o presidente e seus comandados têm tomado em relação à imprensa, aos adversários políticos, desrespeitando a ética e desvirtuando todos os princípios que regem um Estado democrático. Em algumas horas, o manifesto arrecadou mais de 4.600 assinaturas. Se você é um cidadão responsável e ético, leia o documento e assine logo depois, clicando no link. Segue abaixo:

MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA
 
Numa democracia, nenhum dos Poderes é soberano. Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.
Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil,  inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.
É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.
É inaceitável  que militantes  partidários  tenham convertido  órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.
É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.
É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais em  valorizar a honestidade.
É constrangedor que o Presidente não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há “depois do expediente” para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no “outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras, mas um inimigo que tem de ser eliminado.
É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e de empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.
É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.
É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É deplorável que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.
Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para  ignorar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.
Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.
Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos.

PARA ASSINAR, CLIQUE AQUI.

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