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Sob o domínio do mal

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Foi uma manhã difícil. Acordei cedo, embora pudesse dormir até um pouco mais tarde. Não deu, já que tinha um filme para assistir, cujo título me perseguia há anos, desde que ouvira falar de um certo clássico de 1968, estrelado por Frank Sinatra e dirigido por John Frankenheimer (o mesmo de Ronin, com Robert de Niro). Nunca tive contato com o clássico de 1968, mas graças a Hollywood, onde tudo se refilma, fizeram uma nova versão, desta vez estrelada por Denzel Washington (paranóico e perturbador) e Meryl Streep (diabólica e sensacional). Sob o domínio do mal não é um filme que se pode ignorar. É atual, veemente e verossímil, embora sendo uma ficção. É sobre Ben Marco, um major veterano da Guerra do Golfo que vive seus dias glorificando os feitos de outro veterano, agora senador, Raymond Shaw, cujas ações foram recompensadas com uma medalha de honra. Depois que se encontra com outro companheiro de pelotão, Marco se vê em dúvida sobre o que realmente aconteceu no campo de batalha. É o ponto de partida para descobrirmos que é possível duvidar de absolutamente tudo e todos que rodeiam Ben Marco. Com uma informação que pode salvar o mundo de um golpe de estado perpetrado por uma corporação (cujo nome justifica o título original, "The Manchurian Candidate"), Ben Marco se vê cercado de situações que (1) ou o deixaram louco ou (2) o farão mudar o curso da história.
O fato é que não se percebe o tempo passando quando se assiste a um filme assim. Inteligente, perspicaz e inteiramente relevante. O diretor Jonathan Demme (vencedor do Oscar por O Silêncio dos Inocentes) leva o espectador a uma viagem sensorial que nos deixa com a mesma sensação de perseguição de seu protagonista. Um filme para ver e emprestar aos colegas, com aquela expressão: "Cara, você tem que ver este filme!", e é claro, um filme para ficar no mínimo impressionado com algumas das teorias de conspiração que existem por aí...

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Ainda me lembro...

Não faz muito tempo, eu fui criança. E brinquei muito, me importar com horários, agendas, compromissos nem planejamentos. Era algo como a felicidade. Era algo como se brincar fosse tudo o que importasse. E realmente, nada mais importava! A tradução do que é liberdade, eu experimentei quando fui criança. Se havia alguma tragédia na TV, eu estava construindo minha cidade com livros e dominós velhos. Se meus pais brigavam, eu estava no quarto brincando com minha irmã de acampamento. Até quando eu estava triste, não demorava muito , voltava a brincar e sorrir, e esquecia a tristeza. Se eu carecesse de inspiração, caminhava esperançoso até a estante de livros do meu pai, garimpava um título interessante qualquer (eram em sua maioria livros teológicos), por exemplo: "A agonia do planeta Terra", e criava um filme eletrizante sobre um futuro inóspito e caótico, vindo diretamente das minhas sessões de Star Wars e afins. Quando me entediava com minha casa, não tinha problema: descia para o pátio do prédio, reunia a galera, e estavam prontos "Os Goonies"! Aí, a gente cresce. E esquece. Esquece da inocência, da diversão pela diversão, dos problemas transformados em brincadeiras, das correrias sem razão, da euforia causada por um simples sorvete, do desconforto causado por alguns adultos bobalhões. E acabamos nos tornando esses adultos bobalhões. Até que como num passe de mágica, tudo vem à tona! É quando a gente se lembra, e sorri, e chora, e sorri... E continua a viver, só que tudo parece melhor. Tudo parece real... e vivo!

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