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Trailer dublado de As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne

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Steven Spielberg dirigindo e Peter Jackson produzindo. Sério, tem como um filme assim dar errado? Sem falar que se trata da adaptação dos quadrinhos do mestre Hergé, sobre um jovem repórter às voltas com muitas aventuras. Se você não lembra (ou nunca ouviu falar) dos quadrinhos, vai lembrar do desenho exibido pela TV Cultura nos anos 90. Confira o teaser trailer dublado e tire suas próprias conclusões.

As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne estreia em 11 de novembro.  

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Uma Manhã Gloriosa

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Comédia sobre bastidores da TV é afiada e precisa

Desde O Diabo Veste Prada não se via uma comédia tão afiada e interessante sobre o mundo profissional como em Uma Manhã Gloriosa (Morning Glory, EUA, 2010). Na verdade, pode-se dizer que este é uma releitura daquele, sendo que o papel de "diabo" desta vez é interpretado por um homem, ou Harrison Ford.
Becky Fuller (Rachel McAdams, de Sherlock Holmes e Diário de Uma Paixão) é uma esforçada produtora executiva de um programa matutino em uma pequena emissora local de New Jersey. A moça é sempre a primeira a chegar e a última a sair, e leva o programa com muito empenho e dedicação, até ser demitida - consequência da recessão financeira americana. Depois de muita procura, ela é chamada para trabalhar na IBS, uma rede nacional, onde deverá tentar levantar a audiência e a qualidade da atração matutina da emissora, o Daybreak. Para ser bem sucedida, ela terá que lidar com o ego da apresentadora veterana Coleen Peck (Diane Keaton), além de ter que administrar o gênio dificílimo de seu novo co-âncora, Mike Pomeroy (Harrison Ford, em seu melhor papel em anos), um jornalista premiado que esteve em acontecimentos marcantes do século XX e agora se vê relegado ao ostracismo, obrigado a apresentar um programa que não faz reportagens à moda antiga; isso significa que Daybreak é um daqueles shows televisivos no estilo do Hoje em Dia, ou do Mais Você: jornalismo zero, entretenimento mil.
Além de ter que se virar para levantar a audiência do programa, Becky ainda precisa aprender a desenvolver um relacionamento de verdade, com Adam Bennett (Patrick Wilson). Uma característica interessante em Uma Manhã Gloriosa é que não se trata de uma comédia romântica. Há romance, mas esse não é o foco do diretor Roger Michell (Um Lugar Chamado Notting Hill). Antes, o filme se concentra no mundo competitivo da tevê americana, em como é preciso ser mais do que apenas mediano para se dar bem em um universo de egos inflados e prazos apertados.
Produzido por J. J. Abrams (criador de Lost e diretor do novo Star Trek), Uma Manhã Gloriosa é uma comédia de primeira, com muitas situações engraçadas, sem deixar de lado os diálogos inspirados repletos de menções à cultura pop e a excelente utilização de clichês hollywoodianos. Tudo pela diversão do público.

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Chuck - espionagem e diversão nerd

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Chuck Bartowski é um cara bacana, um nerd completo, capaz de discutir por horas sobre coisas como que tipo de sanduíche levaria para uma ilha deserta ou qual é o melhor vilão dos filmes de 007. Ele trabalha em uma megaloja de eletrônicos, onde é responsável pela assistência técnica aos compradores de computadores e bugigangas em geral. No momento, seu maior objetivo é ser promovido a gerente-assistente da loja, derrotando  seu mais temível rival na briga pela vaga: um baixinho chamado Tang. Na vida amorosa, como todo nerd, Chuck é um desastre; não consegue atrair nenhuma garota com seu papo avançado sobre filmes sci-fi ou qualquer outra tranqueira nerd que consiga lembrar. Mas tudo isso vai mudar (ou não) quando ele receber um e-mail de um antigo ex-amigo da faculdade que virou espião do governo e roubou todos os segredos mais ocultos dos EUA, enviando o arquivo, repleto de mensagens subliminares, para Chuck. O jovem nerd abre a mensagem codificada e subitamente todo esse conhecimento é "baixado" para sua mente, fazendo dele um verdadeiro computador ambulante, alguém que pode acessar todos os segredos governamentais dos mais altos escalões militares e de inteligência. Para vigiar esse "computador" vivo, a CIA envia uma agente, AKA Sarah Walker (uma loira de matar, claro), que terá a companhia de Casey, agente da NSA. Juntos, os três passarão por muitas aventuras envolvendo sempre algum novo segredo que Chuck consiga acessar em seu cérebro. 
Todo esse contexto é para apresentar um dos personagens mais divertidos que a TV americana lançou nos últimos anos. Lançada em 2007, Chuck é pura diversão despretensiosa. Cada episódio brinda o espectador com diálogos hilariantes e cenas de ação muito bacanas, que prendem a atenção e causa um vício difícil de largar. Comecei a assistir a 1ª temporada de Chuck no último fim de semana e simplesmente não consegui parar.
O criador de O.C., Josh Schwartz, e o diretor McG (As Panteras) são os responsáveis pelo piloto, com Schwartz mantendo-se na produção executiva do programa. A série já está na 4ª temporada, já tendo sido renovada por mais um ano, apesar da audiência não ser satisfatória. Tantas renovações se devem aos fãs apaixonados pelo programa terem feito campanhas e apelos junto ao canal NBC para que a série ganhasse novas chances.
Bom para o público, que tem a chance de assistir a uma boa dose de comédia, espionagem e ação, evocando programas semelhantes, como Agente 86, sem abrir mão de criar todo um universo próprio, engraçado e atraente. Vale a pena descobrir.

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Trailer Legendado de Lanterna Verde

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Assista ao trailer matador de Lanterna Verde. Pretendo começar a postar trailers de futuras novidades e para começar nada melhor do que um dos filmes mais aguardados do ano (ao menos por mim)!
Confira:



Lanterna Verde estreia no Brasil em 19 de agosto, com cópias em 3D e 2D. Já estou na fila!

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Sem Limites

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Ótimo thriller é a surpresa do ano até agora

Quando o ano começou, nenhum preview com os filmes mais esperados da temporada trazia entre seus destaques Sem Limites (Limitless, EUA, 2011). Afinal, o thriller com toques de ficção científica não trazia muitos atrativos que pudessem chamar atenção do público ou da imprensa especializada. O diretor Neil Burger é um ilustre desconhecido, mesmo tendo dirigido o excelente O Ilusionista em 2006; o astro Bradley Cooper ainda não se firmou como um chamariz de audiência, embora tenha sido destaque no hilário elenco de Se Beber, Não Case; até o superastro Robert De Niro poderia ser um nome de destaque, mas sua participação no filme não vai além das aparições do ator nos trailers. Mesmo assim, o filme estreou sem nenhum alarde e se tornou a grande surpresa do ano até o momento, tendo custado 22 milhões de dólares e rendido quase 80 milhões somente nos EUA.
Mérito total da trama bem elaborada que Neil Burger reproduz na tela, adaptando o romance de Alan Glynn. Vamos a ela: Eddie Morra (Bradley Cooper) é um escritor fracassado, que embora tenha contrato para escrever um livro, sequer escreveu a primeira linha da obra. Sua vida é um completo desastre; foi casado e se divorciou, e sua atual namorada (Abbie Cornish) vê nele uma âncora que a fará ficar presa em uma vida sem nenhuma perspectiva. Até o dia em que Eddie encontra seu ex-cunhado, Vernon (Johnny Whitworth), que lhe oferece uma droga ultra-secreta chamada NZT, que faz com que seu usuário acesse toda a capacidade do cérebro, concedendo poderes incríveis de dedução, raciocínio, leitura e muitas outras vantagens. Na mesma noite em que toma o estranho comprimido transparente, Eddie escreve grande parte de seu livro e descobre novas possibilidades para sua vida. O problema é que estamos falando de um thriller aqui, e nada é simplesmente o que aparenta na superfície. Eddie procura seu ex-cunhado à procura de mais pílulas milagrosas, mas acaba se deparando com Vernon morto em seu apartamento. Isso é apenas o começo de uma história cheia de reviravoltas, com Eddie aprendendo línguas só de ouvir alguém falando, tornando-se milionário no mercado de ações, atraindo a atenção do bilionário vivido por Robert De Niro e se envolvendo em um caminho perigoso, que poderá terminar mal.
Bradley Cooper mostra que pode ser um astro sem estar restrito a comédias e romances bobalhões; o ator tem carisma e potencial dramático, e mostra isso carregando praticamente todo o filme nas costas, sem demonstrar sentir a pressão de tamanha tarefa.
Já o diretor Neil Burger não perdeu a mão que mostrou em O Ilusionista. Seu Sem Limites é interessantíssimo e prende a atenção do mais indiferente dos espectadores. Será que o talento do cineasta também é ilimitado? Isso apenas o tempo dirá.

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Game of Thrones - Impressões até aqui

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Ned Stark (Sean Bean) empunha sua espada para mostrar que é o cara dos épicos de fantasia
Vagarosamente, Game of Thrones vai mostrando que boas histórias não precisam ser contadas apressadamente. O vasto mundo de Westeros, cenário da série da HBO, tem detalhes que a princípio parecem irrelevantes quando aparecem em cena (especialmente para pessoas como eu, que ainda não leram a série literária), mas que voltam em um episódio posterior para serem encaixados como peças fundamentais no imenso quebra-cabeça que é a trama criada por George R. R. Martin. A cada semana descubro que nada, absolutamente nada, é sem propósito em Game of Thrones.
Passados cinco episódios, minha impressão é que o programa fica cada vez melhor e mais envolvente. Cada personagem vai mostrando aos poucos sua tremenda importância no quadro geral, e isso só faz da série algo viciante e marcante.
Acabo de ver o episódio cinco, "O Lobo e o Leão" (não sei porque a HBO não traduz os títulos de seus episódios, aliás, poucos canais o fazem). Fiquei ainda mais impressionado em como é impossível saber o que acontecerá a seguir; quando eu pensava que a série seria mais focada nos diálogos, eis que os produtores fazem um episódio repleto de ação, lutas de espadas, sangue jorrando e cenas memoráveis.
Se você ainda não viu Game of Thrones, não perca tempo. A série é, sim, uma das melhores coisas que já apareceu na televisão em muitos, muitos anos.

APROVEITO para anunciar que não mais disponibilizarei links para downloads de torrent, exceto quando autorizado pelo proprietário dos direitos autorais. O blog Lendo, Vendo, Escrevendo sempre foi um blog de resenhas culturais, e assim continuará.

Game of Thrones é exibido todos os domingos, às 21:00, na HBO.

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Séries britânicas que você precisa descobrir

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Nas últimas semanas tenho tido contato com várias séries britânicas que me chamaram a atenção. E posso dizer que não entendo o fato de a TV brasileira não exibir tais séries por aqui. Em se tratando de dramas policiais, os ingleses até superam os americanos, com personagens críveis, roteiros imprevisíveis e atuações viscerais. Escolhi alguns destes programas para falar a respeito e recomendar. Aí estão eles:

Wallander - estrelada por Kenneth Brannagh (diretor de Thor), a série policial da BBC, remake de um programa sueco, conta a história de Kurt Wallander, inspetor da polícia de Ystad, na Suécia. Kurt é um detetive passional, que se envolve intimamente com seus casos, como se cada assassinato que ele investiga fosse de alguém de sua família. O inspetor não tem soluções mirabolantes, nem seus casos são resolvidos de modo mágico, com a utilização de artifícios tecnológicos saídos de séries do gênero "fantasia policial", como CSI. Wallander usa sua intuição, investiga sem sair da realidade, e muitas vezes segue as pistas erradas - isso, afinal, acontece em qualquer força policial do mundo. Recentemente separado da mulher, ele tem como companhia sua filha e vive um relacionamento conturbado com seu pai, um artista plástico que não aceita o fato de seu filho não ter seguido sua profissão.
A atuação de Kenneth Brannagh é digna da tradição shakesperiana do ator, com camadas de sentimento e emoção. Wallander é um homem que se vê sem esposa e precisa aprender a lidar com isso. E assim o faz com muita dedicação ao trabalho.
Com duas temporadas até o momento, contabilizando seis episódios de 90 minutos, Wallander é uma das melhores coisas a surgir na televisão em um muito tempo. Vale a pena descobrir. A série foi lançada no Brasil em DVD, pela LogOn.

Sherlock - descrita como a modernização dos clássicos contos detetivescos de Arthur Conan Doyle estrelados pelo mais brilhante dos detetives, Sherlock é um primor em sua realização. São três episódios de 90 minutos cada, na primeira temporada, tendo obtido sucesso absoluto de audiência na tevê inglesa. Logo no primeiro episódio, somos apresentados a Watson (Martin Freeman, protagonista de O Hobbit), um médico veterano de guerra que passa a dividir um apartamento com um excêntrico detetive particular, Sherlock Holmes (Benedict Cumberbatch, incrível). A princípio Watson odeia o futuro colega de apartamento, mas logo surge uma amizade entre os dois, à medida que ele descobre a genialidade quase sobrenatural do rapaz.
Usando recursos interessantes para trazer os livros de Conan Doyle para o século XXI, a série logo introduz o arquiinimigo de Sherlock, Moriarty, deixando os espectadores na expectativa pela sua continuidade. Isso, porém, é uma incógnita, uma vez que Martin Freeman deve passar dois anos ocupadíssimo como Bilbo Bolseiro, nas filmagens de O Hobbit, megaprodução em duas partes que Peter Jackson e Guillermo del Toro estão produzindo.
OK, nós queremos (muito) ver O Hobbit, mas não seria nada mal ter uma nova temporada de Sherlock. Espero que isso aconteça. No Brasil, Sherlock não tem nenhuma previsão de lançamento.

Luther - nenhuma série policial é tão intensa quanto Luther, protagonizada por Idris Elba (de The Wire), no papel de John Luther, um detetive da polícia metropolitana de Londres que passou sete meses suspenso por ter se envolvido na morte de um suspeito que ele investigava. Durante esse tempo afastado, Luther passou por uma grave depressão e uma consequente internação em um hospital. Ao ser readmitido na polícia, o detetive demonstra sua inteligência e o modo severo com que lida com o crime. Além de ter de lidar com toda a tensão do trabalho, Luther ainda precisa salvar seu casamento. Sua esposa, Zoe (Indira Varma, de Roma) não aceita viver mais com um homem tão inconstante e obsessivo.
Luther traz uma linha tênue entre o bem e o mal, mostrando o protagonista iniciando uma perigosa amizade com uma possível assassina, a astrofísica Alice Morgan (Ruth Wilson, de O Prisioneiro). Nenhum personagem na série é perfeito, e cada episódio (são seis, na primeira temporada) mostra um pouco mais as imperfeições dos colegas de Luther e dele mesmo, até o final arrebatador e absolutamente chocante.
A segunda temporada deve ser exibida este ano na BBC One, mas serão apenas dois episódios de duas horas de duração cada. Isso porque Idris Elba passou a ser cogitado para muitos papéis em Hollywood, depois de mostrar uma intensidade dramática como poucos atores da atualidade. Elba poderá ser visto em Prometheus, de Ridley Scott, além de ter atuado como o deus nórdico Heimdall, em Thor. O ator ainda participou da série The Big C, como o amante da protagonista vivida por Laura Linney.
Tudo isso é apenas o começo. Se depender da reputação que Elba conquistou por Luther, ele ainda terá muitos trabalhos de destaque em sua carreira. Ainda bem.

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Eu Sou o Número Quatro

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Ficção-científica teen tem suas qualidades

O cineasta D.J. Caruso tem se especializado em dirigir jovens em filmes cheios de ação e com toques românticos bem característicos das produções voltadas para o público teen, aquele que realmente lota os cinemas todos os fins de semana. Tem sido assim desde Paranoia e Controle Absoluto, os dois protagonizados por Shia LaBeouf.
Em Eu Sou o Número Quatro, Caruso volta-se para uma ficção-científica baseada em um livro de sucesso, e tem nas mãos uma nova franquia em potencial. O filme conta a história de Número Quatro (Alex Pettyfer, de Alex Rider Contra o Tempo), um dos últimos sobreviventes do extinto planeta Lorien (destruído pelos morgadorianos), enviado à Terra para dar continuidade à espécie e impedir que os morgadorianos destruam outro planeta. Sempre perseguido, Quatro viaja de cidade em cidade acompanhado de Henri (Timothy Olyphant, da série Justified), seu guardião e tutor. Os dois sabem que os "números" anteriores já foram mortos por seus inimigos, e precisam estar em constante fuga, enquanto Henri ensina Quatro a descobrir os poderes que recebeu. O lorieno adota o nome de John ao chegar à pequena cidade de Paradise, e se envolve com Sarah (Dianna Agron, a Quinn de Glee), por quem se apaixona.
A essa altura, já sabemos que os sanguinários morgadorianos estão cada vez mais perto de encontrar Quatro; sabemos também que desta vez o herói não irá mais fugir, de outra maneira não haveria o clímax explosivo e cheio de efeitos especiais que encerra o filme.
D.J. Caruso não abandona os clichês típicos dos filmes do gênero, e apesar disso, ainda entrega uma aventura romântica eficiente, que poderia render uma boa série de tevê. O romance entre John e Sarah é interessante, apesar de algumas cenas bastante forçadas: por exemplo, próximo da luta final, os dois apaixonados estão fugindo, mas ainda encontram tempo e tranquilidade para olharem fotos e conversarem.
Mesmo com alguns momentos dispensáveis, Eu Sou o Número Quatro ainda rende bastante diversão, com cenas de luta muito boas, monstros alienígenas em brigas homéricas e uma ou outra piadinha para servir de alívio cômico. Se serve como medida, o filme de D.J. Caruso é muito, mas muito melhor que qualquer Crepúsculo que há por aí.

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Rio

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Animação da Blue Sky é vibrante e empolgante

Quando A Era do Gelo foi lançado nos cinemas em 2002, ninguém conhecia um pequeno estúdio de animação chamado Blue Sky. Nove anos e mais de um bilhão de dólares nas bilheterias depois, eis que aquele pequeno estúdio confirma-se como um dos principais nomes da indústria de Hollywood, e um brasileiro é uma das duas mentes criativas por trás de tudo isso. Seu nome, Carlos Saldanha. Carioca 'da gema', Carlos sempre fez questão de se declarar brasileiro, e com isso ajudar a consolidar o Brasil como berço de mentes criativas em várias áreas além da música e da dança.
Rio era o projeto dos sonhos de Carlos. Fazer um filme homenageando sua cidade natal sempre esteve em sua mente. O animador conseguiu realizar seu grande sonho, e isso é visível em cada frame do filme. Cada cena é um vislumbre para os olhos. São tantas cores, e a animação é tão realista e viva, que a gente até esquece que aquelas paisagens são desenho animado!
Está tudo lá: o bondinho do Pão de Açúcar, o Cristo Redentor, os morros cariocas, o carnaval, a turma na praia, tudo o que os gringos esperam ver em um filme que recebe o nome da própria Cidade Maravilhosa. Mas não somente os gringos; qual brasileiro espera que um filme animado sobre o Rio de Janeiro mostre qualquer coisa que não exatamente as belezas da cidade?
É claro, entretanto, que as belas paisagens locais não poderiam contar uma história sozinhas. E Rio é um primor também em sua trama. Vamos a ela: Blu (Jesse Eisenberg) é uma arara azul que foi criada nos EUA, no gelado estado do Minnesota, por Linda (Leslie Mann), uma adorável proprietária de uma livraria. Totalmente domesticado, Blu simplesmente não sabe voar. Tudo em sua vida está perfeitamente normal até que um brasileiro especialista em aves, Túlio (Rodrigo Santoro), aparece na loja de Linda informando-lhe que  Blu é o último macho da espécie. Para que a espécie possa ter prosseguimento, ele deve ir até o Rio para procriar com a última arara azul fêmea viva.
Como todos sabem, Blu e Linda embarcam para a terra do samba e vão viver uma aventura cheia de encontros e desencontros, povoada por traficantes de animais, aves de outras espécies muito divertidas, micos batedores de carteiras, um falcão muito perverso e um romance que será construído a duras penas (perdão pelo trocadilho) com Jade (Anne Hathaway), a fêmea valente que conquistará o coração do protagonista.

É impossível não se encantar com Rio, um filme vibrante, que além de ser um belo cartão postal, ainda conta a história de um herói relutante em busca de si mesmo, de suas origens. Um tema universal, mas que fica ainda melhor no Rio.

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Como destruir o Ensino Médio público

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Acabei de ler este artigo no blog do Reinaldo Azevedo e fiquei indignado. Tão indignado que decidi dar um tempo nas resenhas cinematográficas para publicar o texto. Leia e deixe seu comentário.



Sob o patrocínio por ora oculto do ministro da Educação, Fernando Haddad, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou uma proposta que, se posta em prática, oficializa o bagunça no ensino médio do país. Os pobres serão definitivamente condenados à ignorância; na prática, vai se instituir um sistema de castas na educação. A quem pode pagar, ensino médio privado e de alta performance e, por conseqüência, os cursos superiores mais concorridos e as melhores universidades… públicas! A quem não pode, ensino público de quinta categoria no antigo segundo grau, faculdades privadas que não se distinguem de balcões de negócios, financiadas pelo ProUni. Eu explico.
Segundo a genial proposta aprovada pelo CNE, cada escola — sim, cada escola! — poderá organizar o seu próprio curso de ensino médio, desde que ministre disciplinas em quatro áreas: “trabalho, tecnologia, ciência e cultura”. Sei… Um colégio que fique numa área industrial, enfatizaria mais “trabalho e tecnologia” e, pois, deveria dar mais ênfase, por exemplo, a disciplinas como física e química… Ah, que interessante! Os colégios de São Thomé das Letras (MG) e Varginha, onde os ETs costumam dar pinta — aborrecidos que estão com o tédio das esferas —, concentrarão seus esforços em literatura; ficção científica, de preferência.
É uma sandice! O ensino médio no Brasil precisa é do contrário: urge a definição de um currículo mínimo de abrangência nacional, até porque, vejam a contradição, os estudantes do Enem fazem um exame… nacional! Por mais que o Ministério da Educação alopre nas questões — e, com efeito, sobram muito proselitismo e muita vigarice —, supõe-se a existência de um conteúdo mínimo que tem de ser ministrado. Imaginem se a coisa corre solta, cada escola definindo a sua própria prioridade… Alguém dirá: “Viva a liberdade!” Uma ova! Viva o autoritarismo dos chefes de quarteirão!
Trata-se de uma proposta contra os pobres. As escolas privadas de ensino médio de alta performance, que avaliam o desempenho dos professores e que vivem de resultado, tenderão a usar a “liberdade” para tornar seus cursos ainda mais competitivos, preparando seus estudantes para os cursos mais concorridos das universidades públicas. Já as escolas públicas do que antes se chamava “segundo grau”, corroídas pelo sindicalismo casca-grossa, que preferem ensinar “cidadania” (seja lá o que isso signifique) a matemática, física ou química, vão se entregar ao proselitismo rasgado. Os currículos passarão a ser definidos pelos sindicatos.
Tudo bem! Dado o andamento do ensino universitário no país, o desastre não será nem sequer percebido. Há muitos mecanismos para mascarar a desigualdade educacional no país que diz ter a educação como prioridade. Começa com o sistema de cotas e se estende ao ProUni, hoje um gigantesco sistema de repasse de dinheiro público para mantenedoras privadas. A esmagadora maioria das vagas destinadas aos pobres é composta dos cursos que requerem apenas cuspe e giz — às vezes, nem isso. O que o CNE está propondo é a radicalização desse sistema.
A proposta desce a detalhes perversos. Permite, por exemplo, que 20% das aulas do ensino médio noturno — 40% dos alunos — sejam, como se diz hoje em dia, “não-presenciais”, e o curso poderá durar mais de três anos. Pois é… Brasil afora, dada a desordem no setor, os alunos já fazem curso a distância porque não há professores.
A proposta aprovada pelo CNE, patrocinada nos bastidores por Haddad, é vergonhosa. Significa a renúncia ao esforço em favor da qualidade.


Por Reinaldo Azevedo

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Um Corpo que Cai (da série 1001 Filmes)

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Alfred Hitchcock é notoriamente conhecido como o "Mestre do Suspense", reputação conquistada devido a tantos filmes misteriosos, normalmente colocando seus protagonistas em situações de impotência diante das circunstâncias muitas vezes macabras.
Em Um Corpo que Cai (Vertigo, EUA, 1958), não é diferente. Na verdade, talvez seja ainda pior, ou seja, com mais mistério, reviravoltas e um final impressionante. Logo nos créditos iniciais somos hipnotizados, graças ao designer de cenas de abertura Saul Bass (que também fez magnífico trabalho em Anatomia de um Crime e Intriga Internacional - veja um vídeo com aberturas famosas do cinema aqui), que criou espirais que se confundem com os olhos enigmáticos de Kim Novak; junte a isso a marcante trilha sonora de Bernard Hermann, assíduo colaborador do diretor, e o espectador já sabe que se trata de um filme de Hitchcock. Logo depois, somos lançados a uma perseguição nos telhados de San Francisco, onde um marginal tenta escapar de dois policiais. O marginal escapa depois que um dos policiais, o detetive John "Scottie" Ferguson (James Stewart), salta de um prédio para outro mas não alcança o outro lado e fica pendurado entre a vida e a morte. O policial que o acompanha na caçada tenta salvá-lo, mas acaba caindo para a morte. A partir daí, sabemos que Scottie sofre de acrofobia, que é medo extremo de altura.
Kim Novak recebe orientações de Alfred Hitchcock
Algum tempo depois, Scottie - uma figura comum, exatamente como Hitchcock gostava - que está aposentado, é contratado por um velho amigo de faculdade para seguir sua esposa, que anda tendo um comportamento estranho, talvez motivado por um passado obscuro. A esposa, Madeleine (Kim Novak), é lindíssima, e logo Scottie fica obcecado por ela, algo que o levará a uma espiral (como a dos créditos iniciais)  sinistra com um clímax surpreendente.
Falar além disso estraga as várias surpresas que o roteiro reserva ao espectador. Porém, muito mais do que a trama em si, a força de Um Corpo que Cai está no desenvolvimento dos personagens, algo que Hitchcock fazia muito bem. Um clima de loucura parece tomar conta de cada frame do filme, clima este intensificado pela fotografia tão colorida que se assemelha a um pesadelo, e pelos temas que Bernard Hermann criou. Kim Novak está perfeita e linda, e James Stewart entrega mais uma vez uma performance inesquecível.
Talvez o melhor filme de Hitchcock, Um Corpo que Cai tem mais nuances até mesmo que Psicose, sendo ainda mais sombrio e assustador em sua essência. Uma obra-prima.

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Anatomia de um Crime (da série 1001 Filmes)

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Este clássico filme de tribunal - considerado por muitos o melhor do gênero em todos os tempos -, dirigido por Otto Preminger, é de fato uma obra-prima. Muitos são os elementos que o qualificam para uma vaga no Olimpo do cinema mundial: para começar, os créditos iniciais, desenhados pelo mestre Saul Bass, com formas geométricas criando um cadáver; a trilha sonora jazzística marcante, composta por ninguém menos que o grande Duke Ellington (lembro-me de um velho LP que meu pai tinha e que eu sempre ouvia), algo inovador para um filme passado quase inteiramente dentro de um tribunal; o uso inédito de algumas palavras que a plateia da época não ouvia nas salas de cinema até então - "calcinha", "penetração", "estupro", "espermatogênese", etc. - todos esses elementos podem parecer detalhes perante todo um filme, e de fato são. Mas tais detalhes apenas fazem de Anatomia de um Crime (Anatomy of a Murder, EUA, 1959) ainda mais interessante.
Wendell Mayes adaptou o bestseller de Robert Traver (peseudônimo para o juiz da suprema corte de Michigan John D. Voelker), criando um roteiro que dissecava de maneira incisiva e amarga, o sistema legal americano. 
Na trama, Paul "Polly" Biegler, um advogado brilhante que já foi promotor público, aceita o caso do tenente Frederick Manion (Ben Gazarra), que matou a tiros o dono de bar Barney Quill. Manion alega tê-lo feito porque Quill havia estuprado sua esposa, Laura (Lee Remick). Tendo se entregue à polícia, Manion alega insanidade temporária, argumento que seu advogado sustentará até o fim.
Stewart (à direita), em um dos muitos embates com a promotoria
James Stewart está simplesmente brilhante como Paul Biegler; apesar de alguns maneirismos que podem ser vistos em outros de seus filmes, o astro de A Felicidade Não se Compra mostra todo seu talento, criando um advogado intransigente, mas que agarra com unhas e dentes cada bom argumento que possui. E ele precisará ser muito bom, já que um dos promotores é Claude Dancer (George C. Scott), um advogado presunçoso da cidade grande. O embate entre Biegler e Dancer é dinâmico e empolgante, especialmente no testemunho final, que tem um encerramento impressionante. Digno de nota também é o fato de o diretor nunca mostrar os crimes mencionados o tempo todo no filme; dessa forma, o espectador é colocado como um jurado, que decidirá juntamente com o júri em cena se Manion é culpado ou inocente.
Vale a pena saber também que o ator que faz o papel do juiz, foi de verdade um gigante dos tribunais reais: trata-se de Joseph Welch, o procurador responsável por acabar com a carreira do infame senador Joseph McCarthy.
Apesar das 2 horas e 40 minutos, Anatomia de um Crime não deixa o ritmo cair, fazendo com que o espectador desfrute de cada momento do julgamento, sem jamais prever o resultado final até o último depoimento. Veja e confira.

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Querido John

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Ok, ok. Eu admito, Querido John é totalmente chick flick (quer saber o que é isso? Clique aqui). Mas não pude deixar de emocionar com um filme sincero e nada apelativo. Na verdade, muito mais do que um veículo para tornar Channing Tatum (GI Joe - A Origem de Cobra, Ela Dança Eu Danço), um astro, o filme de Lasse Hallström (Regras da Vida, Chocolate e Sempre ao Seu Lado) mostra como muitos americanos tiveram suas vidas transformadas depois dos ataques às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001.
John é um soldado em licença em uma cidade litorânea, que conhece Savannah (Amanda Seyfried), jovem bela e encantadora. Os dois passam duas semanas de primavera em completa paixão, até a partida de John de volta ao serviço militar. Savannah conhece também o pai de John, um homem calado e colecionador assíduo de moedas raras. Ele tem autismo, mas John nunca soube identificar o problema; simplesmente se afastou do pai. Nas entrelinhas de Querido John, a trama mais importante no filme não é o amor desenvolvido entre John e Savannah e que se mantém vivo graças às cartas que os dois trocam quando ele está no exército; o principal neste belo drama é como a jovem de família conservadora - e amorosa - ajuda a resgatar o amor que John tem por seu pai.
Sem jamais forçar o espectador, este é um filme que leva o público às lágrimas, mas o que se vê em cena são emoções genuínas, mérito do diretor, conhecido realizador de filmes emocionantes - basta lembrar das lágrimas derramadas por Sempre ao Seu Lado - e do elenco: Channing Tatum está realmente convincente como o atormentado jovem que vê no exército uma espécie de segunda chance, e Amanda Seyfried (Mamma Mia!, A Garota da Capa Vermelha e Cartas Para Julieta), que expressa muito mais com os olhos do que qualquer outra atriz de sua geração. Vale destacar o competente Richard Jenkins (O Visitante), como o pai autista de John e Henry Thomas (sim, o menininho de E.T. - O Extraterrestre), em um papel fundamental na trama - se eu contar demais estrago o prazer de ver o filme.
É chick flick? Acho que sim, mas ainda assim Querido John não deixa de ser um drama romântico e emocionante. Afinal, o que esperar de uma adaptação de um dos romances de Nicholas Spark?

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