Novo filme de Spielberg é drama competente
Muito se disse negativamente sobre Cavalo de Guerra, novo drama dirigido por Steven Spielberg. O cineasta, responsável por filmes de fantasia como E.T. - O Extraterrestre e Hook - A Volta do Capitão Gancho, volta e meia aparece dirigindo filmes mais adultos, como sua obra-prima A Lista de Schindler e Amistad. Na maioria das vezes Spielberg teve sucesso com filmes assim, tendo vencido alguns Oscar, mas em outras ocasiões o diretor não foi feliz (veja o caso de Além da Eternidade, de 1989). Este ano, o premiado diretor está em cartaz com dois filmes ao mesmo tempo: além deste, há também a aventura juvenil As Aventuras de Tintim, este sim, elogiadíssimo pela crítica, apesar de quase ignorado pelo público americano.
Este novo Cavalo de Guerra encontra-se no meio-termo; nem pode ser considerado um sucesso absoluto, nem um fracasso. Os críticos malharam o filme, mencionando certo sentimentalismo característico do diretor, uma fotografia piegas e uma trilha sonora exageradamente grandiloquente. Entretanto, o filme mostra-se envolvente e em nenhum momento tenta "obrigar" o espectador a verter lágrimas; ao menos foi o que eu observei. Baseado no livro infantil homônimo de Michael Morpurgo, publicado em 1982, Spielberg fez de Cavalo de Guerra um conto sobre a última guerra a utilizar animais e espadas em combate. O filme também levanta a reflexão sobre os horrores da guerra, mas nada que outros filmes do mesmo diretor não tenham já mostrado.
O filme conta a história de Joey, um cavalo arredio que é comprado em um leilão por um fazendeiro, acreditando poder treiná-lo para trabalhar no arado. Quem logo se afeiçoa a Joey é Albert (Jeremy Irvine, que estará este ano em uma nova versão para o cinema de Grandes Esperanças), um jovem determinado a fazer com que Joey trabalhe no arado, para ajudar seu pai no trabalho da fazenda. Mas a 1ª Guerra Mundial começa e logo o cavalo é confiscado pelo exército britânico para o combate. A partir daí, Joey passará por desafios cada vez maiores e contará com o cuidado de diversas pessoas em sua jornada em meio a batalhas sangrentas; ele será puxador de canhões para os alemães, cavalo de estimação de uma menininha francesa e sobreviverá a muitas adversidades.
Com um elenco muito interessante - nada de astros capazes de ofuscar o protagonista, que afinal de contas é o cavalo - Cavalo de Guerra conta com Emily Watson (Embriagado de Amor), Benedict Cumberbatch (Sherlock, a série da BBC), Tom Hiddleston (o Loki de Thor) e David Thewlis (o professor Lupin da série Harry Potter), em papeis pequenos, mas de importância na trajetória complicada de Joey.
Uma curiosidade: quatorze cavalos foram usados "interpretando" o protagonista, mas o principal animal utilizado foi o mesmo que já estrelou outro sucesso dentre os filmes "de animal", Seabiscuit - Alma de Herói.
O drama de Spielberg não deve ser vitorioso em uma eventual indicação ao Oscar, mas cumpre seu dever, ao levar ao público um filme inspirador e envolvente, com cenas de batalha bem elaboradas e uma produção de alta qualidade. Em todo caso, não espere que o cineasta mais sentimental de Hollywood tenha mudado seu estilo. Lá estão a fotografia emotiva, a trilha sonora de John Williams, as sequências de tirar o fôlego e a história inspiradora; está tudo lá. Não dá para querer que isso mude. Pelo menos, Spielberg ainda sabe entregar filmes memoráveis.
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