Verônica

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Até que ponto você iria para proteger uma criança? Esta é a pergunta feita por Verônica (Brasil, 2008), filme dirigido por Maurício Farias e estrelado por uma excelente Andréa Beltrão. Destoando um pouco da filmografia brasileira, Verônica é um verdadeiro jogo de gato e rato, um filme de perseguição que conta com um suspense crescente e um temor de que tudo dê errado para a protagonista.
A personagem-título é uma professora de uma escola pública carioca instalada próxima a uma favela. Com 20 anos de carreira em sala de aula, ela já não aguenta mais viver a rotina de lidar com crianças, corrigir exercícios e ainda ter a paciência necessária para seu ofício. Até que um dia, um de seus alunos, Leandro (Matheus de Sá), fica na escola por muito tempo esperando sua mãe ir buscá-lo e Verônica decide ajudar a coordenadora da escola, levando-o até sua casa. Chegando lá, ela descobre que os pais do menino foram assassinados, e os criminosos estavam à procura de Leandro, que traz em seu pescoço um pendrive com informações importantes sobre o envolvimento de vários policiais com o tráfico.
A partir daí, Verônica é empurrada para dentro de uma situação que ela não procurava, a obrigação moral (entendida gradualmente, como aconteceu com Dora em Central do Brasil) de proteger Leandro. E o filme cresce à medida que o tempo passa, com o envolvimento maior entre a professora e o menino e o suspense angustiante da plateia, que não imagina como tudo vai terminar.
O ritmo da direção de Maurício Farias é notável, com uma fotografia por vezes granulada, que intensifica ainda mais a sensação de incerteza que a protagonista vive.
O filme pode funcionar como uma crítica mordaz à corrupção policial - essa já meio batida, embora relevante - ou como uma reflexão sobre o ofício do professor, cada vez menos valorizado, não permitindo ao profissional uma vida digna de quem tanto estudou para chegar onde chegou. Apesar disso, Verônica ainda peca por estereotipar em excesso a situação financeira da professora heroína da história. Afinal de contas, o salário de professor é perfeitamente suficiente para que se banque pelo menos um apartamento um pouco melhor do que aquele cubículo em que vive a protagonista. Ainda assim, o filme é um contundente e envolvente filme de perseguição, e cumpre bem o seu papel de "refilmar" (e melhorar muito) o filme de Sidney Lumet, de 1999, Glória - A Mulher: este, sim, muito ruim.

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