As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada

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Como apaixonado pela obra de C. S. Lewis, tenho que dizer que amo os filmes da série As Crônicas de Nárnia, especialmente o primeiro, O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (2005). Amo tanto que cheguei a escrever um ensaio onde falo da simbologia cristã contida no filme.
Bilheteria
Mas em Hollywood não importa o quanto o público ame uma série literária que virou franquia cinematográfica, se a bilheteria não render o esperado. E foi exatamente isso o que aconteceu com As Crônicas de Nárnia. Depois que o primeiro filme foi um sucesso arrebatador, arrecadando mais de 600 milhões de dólares mundialmente, era natural que um segundo filme viesse logo. Ele veio. Mas infelizmente Príncipe Caspian (2008) não se igualou em vendas de ingressos ao seu antecessor (fazendo "apenas" cerca de 400 milhões em todo o mundo, vejam só), e a Disney logo anunciou que não faria um terceiro filme. Mas ainda havia esperança, e a Fox Film decidiu arriscar e anunciou a produção de A Viagem do Peregrino da Alvorada, adaptação do terceiro livro (de sete) da série escrito por Lewis. Dezembro de 2010, e o filme é lançado. Tendo custado 150 milhões de dólares, Peregrino empacou nos 100 milhões de bilheteria americana e, mesmo ainda em cartaz nos EUA, as negociações para um quarto filme estão em andamento, com o estúdio tendo muita cautela.
Falando do Filme
Comentários econômicos à parte, é preciso elogiar o diretor Michael Apted e os roteiristas Christopher Markus, Stephen McFeely e Michael Petroni, por não cederem a saídas fáceis comuns em quase todo filme de fantasia épica, como a inclusão de cenas de batalha campal (como aconteceu em Príncipe Caspian). Ao invés disso, Peregrino é um típico filme de aventura marítima, quase mimetizando a Odisseia de Homero, com os heróis Lúcia (Georgie Henley), Edmundo (Skandar Keynes) e Caspian (Ben Barnes) singrando os mares de Nárnia em busca dos sete lordes de Telmar, que misteriosamente desapareceram sem dar explicações. Os irmãos Pevensie, juntamente com seu primo irritante Eustáquio (Will Poulter, de O Filho de Rambow, em atuação excelente) deparam-se com criaturas mágicas, ilhas misteriosas, sereias transparentes, dragões e anões de um pé só, até alcançarem os confins do mundo de Nárnia.
Utilizando de efeitos especiais muito bonitos e uma fotografia deslumbrante, Peregrino retoma o sentimento de novidade do primeiro filme, com os Pevensie descobrindo lugares inteiramente novos e vivendo experiências que servirão para seu amadurecimento, enquanto Caspian descobrirá que sua posição como rei traz muito mais responsabilidades do que pensava.
Há momentos sublimes, como o diálogo final entre Aslam e Lúcia, no qual ele revela quem realmente é em nosso mundo. As cenas de ação também são empolgantes e prendem a atenção do público, especialmente a luta do clímax, contra uma serpente marítima diferente de qualquer criatura mítica mostrada no cinema.
Mas o que mais chama a atenção em Peregrino é a jornada de transição da infância para a vida adulta, experimentada pelos irmãos Pevensie e por Eustáquio. Ao mostrar as dúvidas existentes nos corações dos protagonistas e como eles as superam, os roteiristas criaram uma história que se conecta com seu público-alvo, habitantes desta terra mágica (e traiçoeira) chamada Vida.

[atualizando] Acabo de ler que Peregrino rendeu 400 milhões mundialmente, o que fez com que a produtora Walden Media, responsável pelos filmes, anunciasse a produção do quarto filme, O Sobrinho do Mago, que na verdade é o sexto livro da série, mas funciona como uma prequel, contando a história da criação de Nárnia e mostrando como surgiu o guarda-roupa do primeiro filme. O Sobrinho do Mago é o segundo livro mais vendido da série, o que justifica a produção deste filme no lugar de A Cadeira de Prata, que segue a cronologia normal dos livros. [atualizado às 21:53 de 29 de março de 2011]

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