Por acaso (ou não, se considerarmos algo espiritualmente determinado), assisti nos últimos dias dois filmes recentes que tratam de questões religiosas, cada um com sua abordagem distinta. Aqui está minha opinião sobre eles.
Além da Vida - Sempre que Clint Eastwood lança um novo filme, cinéfilos do mundo inteiro prestam atenção. Afinal, o estilo elegante e sereno do diretor octagenário é capaz de trafegar pelos mais diversos gêneros sem se prender a velhas fórmulas comerciais. Em Além da Vida, o cineasta se arrisca em um drama espiritualista lento porém belo. Matt Damon é um médium que considera seu dom uma maldição, e não tem intenção de lucrar com sua mediunidade. Sua história, porém, é apenas uma das três tramas que se desenrolam no filme, para no final se entrelaçarem. Há a história de uma famosa âncora de telejornal francês que passa por uma experiência de quase-morte - numa das cenas de desastre natural mais realistas do cinema - e resolve escrever a respeito; paralelamente conhecemos o menino que está lidando com dificuldade com a morte do irmão gêmeo. As três histórias têm um tema em comum: a morte. Não é difícil perceber que Clint Eastwood trata em Além da Vida de uma questão normalmente ignorada pela maioria das pessoas, a morte iminente que aguarda a todos, e discute tal tema com a propriedade de quem passou dos 80 anos ainda trabalhando, mas já percebe que está mais perto de encontrar seu destino do que quando era um jovem astro dos westerns. Ponto para ele, que realizou um belo filme. Lento, mas ainda belo.
Alexandria - Pouco se fala sobre Hipátia, filósofa e matemática egípcia na aurora do cristianismo, que viveu em um Egito dominado pelos romanos e desenvolveu teorias matemáticas fundamentais para a ciência moderna. Mas sua história é de fato fascinante. O cineasta espanhol Alejandro Amenábar (Os Outros) viu na vida de Hipátia uma oportunidade de visitar o surgimento do cristianismo em sua forma mais conhecida ao longo de mais de 1500 anos: uma igreja que deturpou os ensinamentos de Jesus e ignorou coisas básicas e fundamentais para a doutrina cristã genuína, como o amor e a compreensão. Amenábar não poupa o espectador ao relatar o ataque dos cristãos à milenar Biblioteca de Alexandria, atacando as obras antigas, rasgando pergaminhos que nunca mais serão encontrados e transformando o prédio em um templo. É duro de se ver, e mesmo que nem todos os fatos mostrados em Alexandria sejam verdadeiros, o filme serve como ponto inicial para que nós, cristãos modernos, possamos refletir sobre os rumos que o cristianismo tomou, transformando-se no catolicismo, e gerando aberrações doutrinárias na forma de instituições sanguinárias como a Inquisição. A propósito, Rachel Weisz no papel de Hipátia está luminosa, em um filme que merecia um destino melhor nas bilheterias. Alexandria merece ser descoberto em DVD.
Alexandria - Pouco se fala sobre Hipátia, filósofa e matemática egípcia na aurora do cristianismo, que viveu em um Egito dominado pelos romanos e desenvolveu teorias matemáticas fundamentais para a ciência moderna. Mas sua história é de fato fascinante. O cineasta espanhol Alejandro Amenábar (Os Outros) viu na vida de Hipátia uma oportunidade de visitar o surgimento do cristianismo em sua forma mais conhecida ao longo de mais de 1500 anos: uma igreja que deturpou os ensinamentos de Jesus e ignorou coisas básicas e fundamentais para a doutrina cristã genuína, como o amor e a compreensão. Amenábar não poupa o espectador ao relatar o ataque dos cristãos à milenar Biblioteca de Alexandria, atacando as obras antigas, rasgando pergaminhos que nunca mais serão encontrados e transformando o prédio em um templo. É duro de se ver, e mesmo que nem todos os fatos mostrados em Alexandria sejam verdadeiros, o filme serve como ponto inicial para que nós, cristãos modernos, possamos refletir sobre os rumos que o cristianismo tomou, transformando-se no catolicismo, e gerando aberrações doutrinárias na forma de instituições sanguinárias como a Inquisição. A propósito, Rachel Weisz no papel de Hipátia está luminosa, em um filme que merecia um destino melhor nas bilheterias. Alexandria merece ser descoberto em DVD.
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