Poucos filmes são tão definitivos para a compreensão do que é o cinema quanto Rastros de Ódio (The Searchers, EUA, 1956). Dirigido por John Ford, este clássico é considerado o maior western de todos os tempos, sendo presença em praticamente todas as listas dos 10 maiores filmes da história. Não é acaso nem capricho da sorte este filme grandioso fazer parte de todas estas listas. Trata-se de uma obra atemporal, bela e incômoda; violenta e serena. O Ethan Edwards interpretado magistralmente por John Wayne é com certeza o personagem mais fascinante da carreira deste ícone do cinema, superando até mesmo o papel que lhe rendeu o Oscar em Bravura Indômita. Ethan é um ex-combatente da Guerra Civil Americana que volta da guerra para o rancho de seu irmão no Texas três anos depois do fim da guerra, esperando estar mais próximo da família e principalmente de sua cunhada, a mulher que ele ama.
O rancho fica em um território que vive sob constante ameaça de índios comanches, e logo no começo do filme os nativos atacam o rancho, massacrando toda a família e levando cativa a filha caçula, Debbie (Natalie Wood). Ethan então embarca em uma jornada para resgatar a sobrinha, uma viagem que dura anos, de modo que ele imagina o pior horror que poderia acontecer a ela: a assimilação total de Debbie pelos comanches, tornando-a igual aos índios odiados por ele. Em um momento icônico do filme, Ethan diz preferir meter uma bala na sobrinha a ter de conviver com a ideia de que ela se tornou uma comanche. Em sua jornada para encontrar Debbie, Ethan conta com a ajuda de Martin (Jeffrey Hunter), mestiço criado como um filho pela família do irmão. E a força do filme está na lenta aproximação de Ethan e Martin. O ex-soldado a princípio rejeita o rapaz, mas eventualmente ele acaba percebendo o valor da coragem e da abnegação de Martin, que deixou tudo para trás a fim de salvar Debbie, a quem ele considera uma irmã.
John Ford, diretor famoso por seus westerns, conduz Rastros de Ódio com a grandiosidade digna do cenário, as grandes montanhas texanas, o Monument Valley, cravado no meio do deserto implacável, que são filmadas de modo a amplificar a experiência da solidão desértica. Ford também sobrepõe uma antítese que marcaria gerações de cinéfilos, a contradição entre a civilização representada por Martin e a selvageria incorporada por Ethan, especialmente nas cenas que abrem e fecham o filme, nas quais a porta da casa serve como moldura para a desolada paisagem do deserto; do lado de dentro, está a civilização e do lado de fora encontram-se a dureza e a aspereza de uma vida que não consegue mais se encaixar à modernidade. Do lado de fora está Ethan Edwards.
O rancho fica em um território que vive sob constante ameaça de índios comanches, e logo no começo do filme os nativos atacam o rancho, massacrando toda a família e levando cativa a filha caçula, Debbie (Natalie Wood). Ethan então embarca em uma jornada para resgatar a sobrinha, uma viagem que dura anos, de modo que ele imagina o pior horror que poderia acontecer a ela: a assimilação total de Debbie pelos comanches, tornando-a igual aos índios odiados por ele. Em um momento icônico do filme, Ethan diz preferir meter uma bala na sobrinha a ter de conviver com a ideia de que ela se tornou uma comanche. Em sua jornada para encontrar Debbie, Ethan conta com a ajuda de Martin (Jeffrey Hunter), mestiço criado como um filho pela família do irmão. E a força do filme está na lenta aproximação de Ethan e Martin. O ex-soldado a princípio rejeita o rapaz, mas eventualmente ele acaba percebendo o valor da coragem e da abnegação de Martin, que deixou tudo para trás a fim de salvar Debbie, a quem ele considera uma irmã.
A porta emoldura a imensidão do deserto nesta história sem heróis |
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