Pequeno filme sobre empregadas negras americanas nos anos 60 é pérola a ser descoberta
A luta pelos direitos civis dos negros do sul dos EUA e o cotidiano das famílias negras americanas já rendeu bons filmes, sendo alguns deles inesquecíveis, como A Cor Púrpura, que Steven Spielberg dirigiu em 1985. Quando todos pensavam que não havia mais nada a ser dito sobre esta questão, eis que o diretor Tate Taylor lança Histórias Cruzadas (The Help, EUA, 2011), um filme despretensioso que arrebatou o público e já rendeu até o momento 169 milhões de dólares (o orçamento foi de 25 milhões).
Tamanha comoção pode ser perfeitamente compreendida quando assistimos ao filme. Com um ritmo envolvente e atuações espetaculares de Viola Davis, Octavia Spencer e Emma Stone, a história de empregadas negras americanas que são convencidas por uma garota branca aspirante a escritora a relatarem suas vidas e seu cotidiano, é capaz de emocionar sem jamais apelar para pieguices recorrentes nos dramas sobre direitos civis.
Em pleno estado do Mississippi nos anos 60, Skeeter (Emma Stone) é uma jovem solteira recém-formada que retorna à cidade de Jackson. Determinada a se tornar uma escritora, ela causa polêmica ao decidir entrevistar a empregada de uma de suas amigas. Aibileen (Viola Davis), a empregada em questão, é uma típica descendente de escravos sulistas: sua mãe foi empregada, e sua avó era escrava doméstica. Muitas crianças brancas foram criadas por ela, crianças que sempre eram deixadas nas mãos das empregadas enquanto suas mães se distraíam sendo mulheres da sociedade, com seus jogos de bridge e seus brunches. Aibileen aceita ser entrevistada e começa a relatar sua vida e tudo o que já sofreu. Logo se junta a ela Minny (Octavia Spencer), outra empregada que foi demitida ao não aceitar usar o banheiro exclusivo para negros na casa dos patrões.
Muitas coisas podem ser ditas sobre Histórias Cruzadas. Como o título nacional deixa claro, são várias as histórias se entrelaçando e atraindo o espectador, que se sente desejoso de acompanhar cada uma delas. Os personagens interessantes e marcantes surgem um após o outro e o elenco não permite que o filme fique desinteressante em nenhum momento. Além das atrizes já destacadas, o elenco ainda tem Bryce Dallas-Howard, Jessica Chastain, Sissy Spacek e Ahna O'Reilly. Elenco de apelo feminino, nota-se, principalmente por tratar-se de um filme que não se limita nas histórias das mulheres negras, mas também retrata a pressão que as brancas sofriam para engravidar e cumprir todas as convenções sociais que lhes convinham.
O trabalho de Tate Taylor cumpre com perfeição todos os critérios para que um filme toque o coração do espectador, e pode até arrancas algumas lágrimas dos mais sensíveis. Vale (mesmo) a pena!
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