Thriller realista mostra que uma epidemia global não é invenção de Hollywood
Atenção: este filme pode causar reações imprevisíveis, como o repentino medo de tocar as pessoas e a imediata perda de vontade de comer carne de porco. Isso porque Contágio (Contagion, EUA, 2011), novo filme de Steven Soderbergh (Erin Brockovich, 11 Homens e um Segredo) é um verdadeiro alerta sobre hábitos que todos nós temos, os quais na maioria das vezes não notamos, que podem gerar consequências indizíveis e terríveis. É claro que Contágio é uma produção de Hollywood, feita por um grande estúdio, planejada para fazer dinheiro, gerar lucro. Mas ainda assim, o thriller não se entrega a clichês do gênero apocalipse, segundo os quais geralmente tem-se um herói - que quase sempre é um sujeito comum - que será o salvador da humanidade, sobrevivendo e encontrando ele/ela mesmo(a) a solução para o problema.
Não aqui. Em Contágio não há um protagonista, ou protagonistas, que tomam a frente da situação e resolvem tudo. O filme mostra as várias pessoas envolvidas na identificação da doença que causa uma epidemia de proporções cataclísmicas e na procura pela cura dessa doença, que é transmitida pelo toque. Com a ajuda de um elenco estelar - ajuda muito um diretor ter muitos amigos astros e estrelas do cinema - vários aspectos da luta contra essa epidemia são mostrados: a paciente zero (Gwyneth Paltrow) e seu marido, que inexplicavelmente é imune (Matt Damon); os cientistas em busca da identificação do vírus e da vacina (Laurence Fishburne, Kate Winslet e Jennifer Ehle); a especialista da OMS - Organização Mundial da Saúde (Marion Cotillard); o militar que quer evitar o pânico nas ruas (Brian Cranston); e o blogueiro investigativo que busca descobrir a verdade sobre o vírus enquanto o governo e as indústrias farmacêuticas tentam ocultá-la (Jude Law).
A maioria dos personagens não interage entre si, mas suas histórias são contadas com muita competência pelo roteiro, que embora não encontre tempo para desenvolver o caráter e a personalidade de cada personagem (até porque não é isso o que está no foco), faz de cada cena um momento tenso, onde nunca sabemos quem irá ficar doente e quem sairá ileso do terror do vírus.
Um ótimo trabalho de Soderbergh, que já soube lidar muito bem com paranoias sociais em Traffic e demonstra com bastante realismo como a humanidade - e seus governantes - lidaria com uma doença terrível e fatal.
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