Cineasta declaradamente apaixonado por Nova York, Woody Allen tem mudado os cenários de seus últimos filmes e experimentado uma renovação de seu público e uma espécie de recuperação de sua obra. Se Match Point e Vicky Cristina Barcelona exploravam as capitais europeias de Inglaterra e Espanha, respectivamente, neste Meia Noite em Paris, a cidade-fetiche do momento é a bela "Cidade das Luzes". E desde as primeiras tomadas, com imagens de uma Paris deslumbrantemente romântica, Allen mostra o quão apaixonante a cidade é. Mas seria apenas um filme cartão-postal, comercial de turismo, não fosse o delicado roteiro de Allen, que mescla as neuroses características de seus protagonistas (sempre alteregos do diretor) com a fantasia de viajar no tempo.
Gil (Owen Wilson, em seu melhor papel) é um roteirista de Hollywood, desiludido com o cinema, que está escrevendo um romance, com a intenção de abandonar a carreira na sétima arte e se dedicar à literatura. Melancólico e sonhador, ele vive com a certeza de que os anos 20 em Paris eram maravilhosos, muito melhores do que o tempo em que vive. Sua noiva, Inez (Rachel McAdams) é uma bela mulher, mas completamente diferente de Gil; ela quer se casar e morar em Hollywood, enquanto ele sonha em se mudar para a Cidade-Luz. Os dois estão em Paris a passeio, juntamente com os pais de Inez. Uma noite, depois de passar o dia com dois amigos pedantes e insuportáveis de Inez, Gil resolve passear pelas ruas da cidade para relaxar um pouco. Exatamente à meia noite, um carro antigo se aproxima e as pessoas que estão dentro chamam Gil para entrar; ele aceita o convite e se vê de volta à década de 1920, onde vive seu sonho.
As viagens duram sempre a noite inteira, e por várias noites Gil encontra personalidades artísticas e literárias de renome, que viveram em Paris naquela década. Dentre elas estão Ernest Hemingway, T.S. Eliot, F. Scott Fitzgerald, Pablo Picasso, Gertrude Stein, Luís Buñuel, Salvador Dalí e outros (não sabem quem são eles?Clique nos nomes e vá ver na Wikipédia!). Até Carla Bruni, primeira-dama da França dá as caras, no papel de uma guia de turismo. Como em A Rosa Púrpura do Cairo, que Allen dirigiu em 1985, em Meia Noite em Paris é um conto fantástico onde coisas surreais acontecem sem que haja qualquer explicação. Não que seja necessário, já que não é o fato surreal o foco do roteiro. Allen está mais interessado em ensinar a seu protagonista (e ao espectador) que não importa a época em que vivemos, contanto que vivamos intensamente e persigamos nossos sonhos.
Em meio a um desfile de tantas pessoas famosas, não há personagem mais importante do que Gil, que percebe ser o protagonista de sua própria vida. Não é de se estranhar, afinal cada protagonista de um filme de Allen é um retrato do próprio diretor, que expõe na tela suas angústias, neuroses e anseios. É como se cada filme do diretor novaiorquino fosse uma "nova aventura" de seu personagem recorrente, nesse caso, ele próprio. Meia Noite em Paris é um triunfo do diretor que aprendeu a se reinventar sem nunca perder os elementos que fizeram dele um criador que parece não esgotar suas ideias para tantos filmes.
Amei saber deste filme, Lipe!Di jeito que você fala parece mesmo interessante.
Não é sempre que gosto dos filmes de Woody Allen, mas o aprecio, acho-o inteligente.
Tem um bom tempo que não vejo qualquer filme...este é novo?
Vou ver se me animo, pois gosto muito de filmes que se passam em Paris, a cidade Luz.
Como sempre seu comentário desperta a atenção dos leitores.
Sua tia Sueli disse que ama suas postagens, bem como as da Ester.
Que o Deus Eterno abençoe você!
Xeru, filho!