A Invenção de Hugo Cabret

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Homenagem de Scorsese aos primórdios do cinema indicada a 11 Oscar é linda

É muito difícil errar com um filme tendo Paris como cenário. Mais difícil ainda é imaginar que Martin Scorsese, cineasta mítico que marcou seu nome em filmes clássicos memoráveis, erraria tendo a Cidade-Luz como pano de fundo para seu primeiro filme a utilizar a tecnologia da filmagem em 3D. E Scorsese não errou. E foi além, criando um filme esplêndido, onde cada fotograma é luminoso, belo, festivo aos olhos.
O diretor de Taxi Driver, Touro Indomável, Os Bons Companheiros e tantos outros filmes brilhantes conta aqui uma história que homenageia o princípio do cinema. Asa Butterfield (de O Menino do Pijama Listrado) é Hugo Cabret, um órfão que mora na estação central de Paris, vive oculto por trás dos grandes relógios que se espalham por todo o lugar. Ele é quem cuida das engrenagens dos relógios, mantendo-os em funcionamento, ofício que aprendeu com seu tio Claude (Ray Winstone). Foi seu tio quem o criou depois da morte de seu pai (Jude Law em uma breve participação), mas logo o deixou por conta própria. Hugo se mantém com pequenos furtos, somente para sobreviver, pegando comida aqui e ali; ele também vive pegando peças para consertar uma máquina deixada por seu pai - um autômato, uma espécie de robô movido a corda, que ele acredita conter uma mensagem. Ele conhece Isabelle (Chloe Grace Moretz, de Kick-Ass), a afilhada do dono de uma oficina de brinquedos, com quem desvendará finalmente o segredo do autômato.
Mas esta é apenas parte de uma trama que levará Hugo (e nós, o público) a conhecer um personagem histórico, peça fundamental para a arte cinematográfica: trata-se de Georges Meliés (Ben Kingsley), considerado um dos maiores cineastas de todos os tempos, criador da obra-prima Viagem à Lua, em 1902. Ao fazer de seu filme um tributo aos primórdios do cinema, Scorsese presta uma inestimável contribuição à manutenção da memória da sétima arte, fazendo com que novas gerações conheçam e se interessem pela obra de Meliés, o cineasta chamado por Chaplin de "o alquimista da luz". Além disso, A Invenção de Hugo Cabret  anda lado a lado com a história verdadeira de Meliés, o que faz do filme uma obra ainda mais relevante e fascinante.
Todo o filme parece um cenário de um sonho, com uma Paris radiante. A direção de arte é de uma  perfeição de tirar o fôlego, tamanho o cuidado com cada detalhe. A abertura do filme, que dura 12 minutos, captura a atenção de uma forma que somente um dos maiores cineastas de todos os tempos poderia fazer. Quando o nome do filme surge na tela, não há uma pessoa que não esteja hipnotizado pelo filme. Exatamente como fazia Meliés com seus filmes de sonho, suas sereias, piratas, cavaleiros, guerreiros, cosmonautas e extraterrestres, o filme de Scorsese permite que a plateia mergulhe no mundo e na vida de Hugo Cabret e não se canse até os créditos subirem ao final. Pode haver homenagem mais intensa do que essa?

2 Comente aqui!:

  1. minifilhasara disse...:

    E ai, meu filho, gostou da premiação? Achou justa...não vi nenhum filme ainda, mas confio na sua sensibilidade. Vou ver se consigo ver algum ainda esta semana.
    Bjs, que Jesus Cristo seja sempre a razão da sua felicidade e alegria!
    Mamãe

  1. minifilhasara disse...:

    Pinho, amei esse Hugo Cabret...!

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