Apesar da desconfiança, novo filme mutante é ótimo
Quando o primeiro trailer de X-Men: Primeira Classe saiu, os fãs não perdoaram. Decretaram o fim da franquia mutante, nas mãos da Fox desde o primeiro filme, X-Men - O Filme, de 2000. Depois de uma sequência extraordinária, Bryan Singer se desligou da série para dirigir Superman - O Retorno e os filmes mutantes caíram de qualidade, mesmo mantendo bilheterias expressivas.
Desta vez, porém, a volta de Bryan Singer à franquia - ele é o produtor do filme -, mostra que a pessoa capaz de colocar a série de volta nos trilhos é realmente ele.
X-Men: Primeira Classe é entretenimento de altíssima qualidade, com uma trama inteligente atrelada a fatos históricos e personagens críveis e relevantes.
O filme acompanha a história dos dois personagens-chave da mitologia mutante criada por Stan Lee, Charles Xavier (James MacAvoy) e Erik Lensherr (Michael Fassbender), cujas vidas se cruzam graças a uma ameaça que os dois terão que enfrentar. Erik tem muito ódio guardado devido à sua infância nos campos de concentração nazistas, onde viu sua família ser morta pelos alemães - especificamente o maligno Sebastian Shaw, que depois se tornaria o líder do Clube do Inferno. Xavier é um poderoso telepata que aprende a lidar com seus poderes e se torna um estudioso das mutações genéticas que deram origem à sua espécie. Ambos se unirão para combater Sebastian Shaw (Kevin Bacon), cujo objetivo é levar a raça humana à destruição completa, para que os mutantes possam dominar a terra.
Apesar de estarem juntos e desenvolverem uma grande amizade, Xavier e Lensherr têm ideologias diferentes no que diz respeito ao modo como enxergam a causa mutante. O primeiro acredita na convivência pacífica e de mútuo respeito entre mutantes e humanos; o segundo sabe, como diz sua experiência durante o Holocausto, que os seres humanos não sabem o que é tolerância e nunca aceitarão seres com poderes estranhos e alto potencial de destruição. É justamente esse embate que leva o filme ao seu poderoso clímax, com cenas de tirar o fôlego e Lensherr finalmente assumindo sua persona maligna de Magneto, tornando-se exatamente o que ele sempre abominou: um intolerante. Há que se destacar as atuações da dupla de protagonistas: MacAvoy e Fassbender estão simplesmente sensacionais e levam quase todo o filme nas costas. "Quase", porque Kevin Bacon como Sebastian Shaw é um vilão perfeito: megalomaníaco, malvadão e com um plano maquiavélico capaz de rivalizar com os vilões mais memoráveis do cinema.
Claro que em meio a tudo isso, Xavier e Lensherr recrutam um poderoso grupo de jovens mutantes, com o auxílio de um Cérebro ainda em sua primeira fase tecnológica. Alguns personagens são velhos conhecidos do público, como Fera e Mística, mas outros são pouco conhecidos e nem fizeram parte de fato da "Primeira Classe" dos X-Men, como Destrutor e Banshee. Mesmo sendo um excelente filme, há que se destacar alguns pontos negativos, como a dispensável presença de Angel, uma personagem irrelevante até mesmo em sua caracterização original dos quadrinhos; inclui-se também nessa categoria o vilão Azazel, cuja aparição é tão-somente um artifício dos roteiristas para darem um capanga valentão e de poucas (ou nenhuma) palavras para Sebastian Shaw. Mas se há um ponto realmente fraco em X-Men: Primeira Classe é a inexpressiva January Jones no papel de Emma Frost, a Rainha Branca. A atriz mostra absoluto desconforto como a perigosa mutante que se transforma em cristal, não se enquadrando em nenhum momento.
Mas tais detalhes não estragam a experiência prazerosa e divertida de assistir X-Men: Primeira Classe. O diretor Matthew Vaughn (de Kick-Ass - Quebrando Tudo e Stardust) comprova sua veia nerd e seu amor pelos quadrinhos; claro que com a ajuda do "mestre mutante" Bryan Singer, a tarefa de imprimir em celulóide a mitologia mutante fica mais fácil.
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