Pode-se falar qualquer coisa sobre Zack Snyder: é um diretor repetitivo, com um repertório curto de tomadas em cenas de ação, com poucos triunfos cinematográficos dignos de nota. Mas uma coisa não se pode dizer: Snyder é um cineasta com um apuro visual para o cinemão comercial como poucos em sua geração. Somente ele poderia conceber Sucker Punch - Mundo Surreal, uma verdadeira salada dos mais variados subgêneros ação/sci-fi/fantasia encontrados no cinema. Uma salada nerd, eu diria.
As primeiras imagens do filme causaram furor nos fóruns, blogs e redes sociais por toda a rede. Os cartazes mostravam garotas lindas - na maioria atrizes desconhecidas - segurando armas, com roupas minúsculas, emolduradas por cenários caprichados. Ou seja, tudo o que há de mais legal para um nerd. O único porém: ninguém fazia a menor ideia do que se tratava Sucker Punch. O que sabíamos eram pílulas a respeito da trama, mas que não davam nenhuma pista clara sobre o enredo.
Quando vieram os trailers, as cenas eram de cair o queixo, com as heroínas arrebentando em cenas de ação sensacionais, lutando contra samurais, orcs, soldados-zumbi da II Guerra e robôs ultracool. Queixos caíram novamente. E eu fiquei doido para assistir.
Finalmente pude ver e conferir se toda a expectativa gerada em torno do filme - o primeiro roteiro totalmente original filmado e escrito por Snyder - se justificava. Triste constatação: Sucker Punch - Mundo Surreal tem algumas das cenas de ação mais incríveis do ano (apesar de algumas emularem outro filme de Snyder, 300), com um visual extremamente interessante, mas o filme não engrena no que diz respeito ao ponto principal: o roteiro.
A personagem principal é Baby Doll (Emily Browning), uma jovem que é internada em um hospício muito suspeito por seu padrasto, depois de ver sua mãe e irmã morrerem. Sem desistir de viver, ela bola uma fuga da instituição, juntamente com as outras meninas que conhece ali. Mas como se fosse para esquecer de sua situação, ou para ter forças para lutar, Baby Doll cria mundos em sua mente, nos quais lutará para alcançar determinados objetivos. É nesses mundos que a luta pela fuga do hospício acontece. Cada objeto que ela e suas amigas precisam obter para executar seu plano é motivo para uma nova cena de ação em um mundo de fantasia, sempre com o apuro visual de sempre.
O problema é que o roteiro de Snyder nunca se aprofunda em seus personagens, se preocupando muito mais em criar desculpas para os devaneios de Baby Doll do que em fazer com que o espectador de fato se preocupe com as heroínas. O desleixo é tamanho que quando algumas delas morrem, não nos importamos. Apenas queremos ver quais serão as próximas cenas de ação, já que o drama e os diálogos que acontecem entre elas não são interessantes.
A pergunta é: vale a pena a sessão de Sucker Punch - Mundo Surreal? Eu diria que sim, em uma daquelas tardes de domingo, com a galera reunida para uma boa rodada de pipoca e refrigerante e muita bagunça. Mas se você já passou dessa fase e procura um filme mais estimulante do ponto de vista da trama, definitivamente este não é o seu filme.
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