Um ano antes de lançar a obra-prima O Show de Truman como roteirista, Andrew Niccol dirigiu Gattaca – Experiência Genética em 1997, tendo como astros Ethan Hawke, Uma Thurman e Jude Law. Em seu primeiro filme como diretor, Niccol provou ser um excelente contador de histórias. Embora não tenha tido uma boa recepção do público em seu lançamento, com o passar dos anos a ficção científica tornou-se cultuada pelos cinéfilos e idolatrada pelos críticos como um dos filmes mais importantes da década de 1990.
Em um futuro próximo, Vincent (Ethan Hawke) é um dos raros a ser concebido naturalmente, sem nenhuma interferência de geneticistas. É que neste futuro obscuro é possível saber desde o útero que doenças a criança terá, até mesmo qual sua expectativa de vida. Mas é também possível fazer com que cada indivíduo nasça sem nenhuma propensão a doenças, vícios e com força e vigor, o que pode facilitar a vida. Ao vir ao mundo sem esta interferência, Vincent está fadado a viver para sempre em uma subclasse social, a dos “inválidos”, cujas carreiras profissionais resumem-se a faxineiros, mecânicos ou lixeiros.
Interessante como o filme critica claramente as divisões de classe que ocorrem em nossos dias, e brilhantemente profetiza que o próximo degrau de discriminação será genético.
Sem aceitar sua condição, Vincent sonha em ser astronauta, e para isso levará seu objetivo até as últimas consequências. Gattaca flerta com o noir, ao inserir na trama uma investigação policial, uma loira fatal e até um clima retrô, com carros dos anos 50 e uma fotografia sombria.
Gattaca é um filme imperdível, e merece ser visto e revisto até que suas “profecias” se cumpram.
Eu havia emprestado o livro "Admirável Mundo Novo" do Aldous Huxley pra minha namorada. Uns dias depois de terminá-lo ela comentou com um amigo que indicou o Gattaca, nós assistimos e ele pareceu por demais profético. Arrebatador.