Escrever sobre um clássico absoluto do cinema não é tarefa fácil. Escrever sobre um clássico absoluto que ainda por cima é um dos filmes mais queridos de todos os tempos é ainda mais difícil. Acontece que Doutor Jivago (EUA, 1963) é um desses filmes que TÊM de ser vistos. Baseado no romance de Boris Pasternak, o filme de David Lean é grandioso em todos os sentidos: desde seu elenco, que inclui Omar Sharif, Julie Christie, Geraldine Chaplin e Sir Alec Guinness, passando pela duração de mais de 3 horas, até seus cenários espetaculares (apesar de se passar na Rússia, o filme foi rodado em locações do Canadá, Espanha e EUA), tudo neste filme nos remete a uma sensação nostálgica de estarmos assistindo a um verdadeiro épico.
É difícil não se encantar pela saga de um homem – Yuri Jivago - e sua família, aristocratas russos que perdem tudo com a tomada do poder no país pelos bolcheviques, liderados por Lênin. Paralelo a tudo isso, conhecemos Lara, uma bela jovem que se envolve com um poderoso homem bem mais velho, cujo interesse por ela aparentemente não passa dos limites da cama. Jivago e Lara vão se encontrar e nada mais será igual depois disso. Em meio à luta pela sobrevivência em uma Rússia governada por comunistas, Yuri Jivago é a figura de um homem sem ideais políticos, tentando sustentar a si próprio e à sua família, superando obstáculos e amando intensamente.
Produizo pela MGM em um tempo de afirmação americana do capitalismo, Doutor Jivago é também um libelo à liberdade de expressão, ao direito à propriedade e aos direitos humanos. Claramente criticando o regime comunista, David Lean filmou mais que uma história de amor. Filmou uma obra que manifesta o poder do espírito humano.