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Os Bons Companheiros

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Poucos filmes de mafiosos são como esta obra-prima de 1990, Os Bons Companheiros, do diretor Martin Scorsese. É uma história real sobre a ascensão e queda de três mafiosos vividos magistralmente por Ray Liotta (o narrador da trama, Henry Hill), Robert De Niro (o enigmático Jimmy Conway) e Joe Pesci (como o violento e explosivo Tommy DeVito), este último no papel que lhe deu o Oscar de Ator Coadjuvante. Toda a construção do filme é perfeita, o que inclui um elenco de apoio igualmente afiado, uma edição ágil e uma trilha sonora antenada com as três décadas pelas quais passeia a história.
Martin Scorsese nunca mais foi o mesmo cineasta depois deste filme, embora tenha recebido o Oscar de Melhor Direção apenas na entrega de 2007, por Os Infiltrados. Criador de vários clássicos do cinema, desde Taxi Driver, passando por Touro Indomável, Scorsese mostra-se em grande forma em Os Bons Companheiros, provando que é o grande especialista em filmes sobre personagens obscuros e cheios de pecados nas costas.
O interessante aqui é que este não é um conto moral. Todas as atitudes dos protagonistas são aceitas claramente pelo narrador, que desde o começo deixa bem claro que sempre quis ser um gângster. O fato de Henry Hill tomar a decisão que encerra o filme mostra apenas que para ele, no final das contas, o que importa é continuar vivo, não importando o quão infeliz você está.
É um filme obrigatório para quem gosta de bom cinema e principalmente do gênero "filme de máfia". Neste gênero, Os Bons Companheiros está entre os cinco melhores de todos os tempos. Sem dúvida nenhuma.

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Coração Louco

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Jeff Bridges é um destes atores que sempre fazem valer a pena o ingresso do filme. Versátil e carismático, seus filmes rapidamente se tornam cult. Indicado cinco vezes ao Oscar, fez valer seu favoritismo absoluto em Coração Louco, no qual interpreta Bad Blake, um cantor country que já fez muito sucesso, mas que agora amarga uma espécie de limbo artístico. Seus últimos shows foram em um boliche e em um inferninho, e a última mulher que apareceu em sua vida foi uma fã de meia-idade com quem passou apenas uma noite. Blake não consegue passar muito tempo sem tomar seu whisky, e isso tem feito com que ele passe por maus bocados.
As coisas começam a mudar para ele quando ele se apaixona por uma repórter, mãe solteira, que provoca nele uma reflexão séria sobre sua vida. A partir deste momento, tudo será diferente. Ou não.
Coração Louco é filme de atores. Tanto Jeff Bridges como Maggie Gyllenhaal (a mãe solteira) e até Colin Farrel (como um astro da música country que é discípulo de Blake) estão perfeitos em seus papeis, e até Robert Duvall (O Apóstolo) aparece bem como o amigo que não abandonará Blake. Bridges faz por merecer cada centímetro de seu Oscar. Afinal, depois de sequer ser indicado por O Grande Lebowski, o coração louco do ator não via a hora de receber seu prêmio.
Não dá para falar também das canções da trilha sonora, escritas por T. Bone Burnett, tendo A Weary Kind sido premiada com o Oscar de Canção Original.

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Comédias que fazem pensar

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Quem me conhece sabe: eu odeio As Branquelas, O Pequenino ou qualquer outra comédia apelativa e sem graça que Hollywood (ou os irmãos Wayans) tenha lançado desde sempre. Aliás, nos últimos tempos tenho me afastado de quase todas as comédias americanas com que me deparo. É que tenho dificuldade em achar graça de situações inverossímeis e de constrangimento geral. As exceções são os filmes que fazem rir sem perder o bom senso, que contam histórias que sejam divertidas e sensíveis ao mesmo tempo. Incluo como exemplo os filmes produzidos e (ou) dirigidos por Judd Apatow, como Ligeiramente Grávidos, Ressaca de Amor, Tá Rindo do Quê? e outros.
Mas ontem estava com sorte. Assisti a duas das melhores comédias românticas do ano passado: (500) Dias Com Ela e Adventureland (que eu me recuso a chamar pelo título dado no Brasil, Férias Frustradas de Verão).
(500) Dias Com Ela não apenas é sensível, como não se considera uma história de amor. Isso porque trata do tema "garoto-conhece-garota" sob outro ponto de vista. A verdade é que às vezes o relacionamento não dá certo simplesmente porque não é para ser. Tom (Joseph Gordon-Levitt) é formado em arquitetura mas ganha a vida escrevendo cartões. Ele passa o dia com os fones de ouvido tocando rock. Quando conhece Summer (a linda Zooey Deschanel, de Sim, Senhor), a empatia vai aos poucos se tornando em uma paixão daquelas que nos fazem acreditar que vai durar para sempre. A narrativa não-linear já mostra desde o começo como tudo vai acabar, e o interessante é que pela primeira vez, o protagonista não tem ideia do porquê do fim de tudo. Com falas beirando a genialidade e toques de surrealismo (como a cena que evoca os musicais da Broadway), o diretor Marc Webb fez de (500) Dias Com Ela a comédia romântica ideal para tentar entender as razões do amor e os motivos que fazem com que se acabe.
Adventureland (procure na locadora como Férias Frustradas de Verão, pois é) trata do sentimento de inadequação que todo mundo tem quando passa da adolescência à idade adulta. O protagonista sai do colégio pronto para ganhar o mundo, ir à Europa e depois à universidade, mas se depara com a dura realidade da vida como ela é. Sem o dinheiro do pai, que ganha pouco, ele se vê forçado a trabalhar e aceita um emprego em um parque de diversões na temporada do verão. O parque, Adventureland, não traz tantas emoções para James (Jesse Eisenberg, de Zumbilândia) como a vida real, que inclui uma garota problemática mas muito sensível (Kristen Stewart, de Crepúsculo, mostrando que sabe atuar), um amigo desiludido com a vida e uma outra garota mostrando que beleza não é sinônimo de caráter. O filme do mesmo diretor de Superbad - É Hoje, Greg Motolla, é uma comédia com significado, cheia de nostalgia (a história se passa em 1987), que mostra com propriedade a dureza que é a entrada neste mundo dos adultos. Vale a pena, só não diga para os amigos que assistiu a Férias Frustradas de Verão, ou vai parecer mais uma comédia descerebrada dos irmãos Wayans.

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Preciosa - Uma História de Esperança

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Não é coisa fácil assistir Preciosa - Uma História de Esperança. O filme trata de um assunto doloroso, uma chaga em nossa sociedade, porém mais difícil ainda na sociedade americana, onde boa parte da população sofre de obesidade. Claireece Precious Jones é uma adolescente de 16 anos, obesa, rejeitada e mal tratada pela mãe, e está grávida pela segunda vez do próprio pai. Quando ela é aceita em uma escola especial, começa a ter alguma esperança de que sua vida melhore. Mas até que a melhora de fato comece, a menina passará por sofrimentos que tornam o espectador solidário com sua situação. Como já li em uma outra resenha, o filme é "uma tijolada na cabeça", uma narrativa triste, triste. Triste, mas conduzida com maestria pelo diretor estreante Lee Daniels, que extrai atuações majestosas de seu elenco, destacando-se Mo'nique, fazendo a cruel mãe de Precious, em uma performance histórica, entregando uma personagem inesquecível. O Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante está em boas mãos. Digna de nota é também a atuação de Gabourey Sidibe, estreando no cinema mostrando uma segurança que poucas veteranas possuem.
Preciosa é como poucos filmes de 2009, expressando uma sinceridade e uma autenticidade poucas vezes vistas no cinema ou em qualquer outra forma de arte.

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The Cove - OSCAR 2010 de Melhor Documentário

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Assistir a The Cove (cujo título em português deve ser mesmo A Cova) é uma experiência de dois pólos: pode-se ficar indignado e maravilhado ao mesmo tempo. Maravilhado pela maravilhosa descrição de como vivem e se relacionam os golfinhos, estes animais tão fascinantes e que ainda guardam alguns mistérios para os cientistas; indignado pela denúncia de que todos os anos 23.000 golfinhos são mortos com requintes de crueldade na cidade japonesa de Taiji, com o objetivo de vender a carne dos animais.
Não dá para ficar indiferente às cenas lamentáveis que compõem o clímax deste documentário vencedor de inúmeros prêmios em todo o planeta. São cenas inéditas para o mundo, é bom frisar, já que os golfinhos são mortos em uma enseada proibida para qualquer um que queira filmá-la. Mas Ric O'Barry, o homem que ficou famoso ao treinar Flipper, conseguiu. Em uma das cenas chocantes, vemos uma câmera subaquática registrando a repentina mudança da coloração da água, que se torna vermelha de sangue em questão de segundos. É revoltante saber que coisas assim ainda acontecem em um mundo que cada vez mais tende a proteger sua vida animal. Curioso também é saber que a maior parte da população das grandes cidades japonesas desconhece esta prática cruel e nem mesmo sabe que a carne de golfinhos é vendida no país oculta sob outros rótulos.
O vencedor do Oscar 2010 de Melhor Documentário não poderia ser mais relevante e importante. Além de nos fazer refletir e querer tomar parte na luta pelo fim da matança de golfinhos, a obra produzida pela Sociedade de Preservação dos Oceanos (OPS, em inglês), faz com que admiremos ainda mais estes mamíferos tão inteligentes e maravilhosos.
Este é um filme que TODOS TÊM QUE VER. Antes que seja tarde demais.

Clique AQUI para baixar o torrent e a legenda de The Cove

Qualidade: DVDRip
Tamanho: 700 mb
Duração: 1h30m aprox.
Nota: 10,0

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Sobre o Oscar 2010

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Passada a festa do Oscar 2010, resolvi escrever sobre este que é o prêmio máximo do cinema, que já está em sua 82ª edição. Tamanha longevidade se explica por momentos antológicos durante todos estes anos, como o prêmio dado pelo conjunto da obra ao mestre Charlie Chaplin, quando foi aplaudido de pé por mais de cinco minutos (recorde que dura até hoje), e o emocionante discurso de Halle Berry ao receber o primeiro Oscar dado a uma mulher negra.
Se 2009 foi a consagração do cinema independente e de baixo orçamento mas com muita alma e originalidade, 2010 confirmou que grandes filmes não precisam ter orçamentos gigantescos para contar boas histórias e cativar audiências. Os seis prêmios dados a Guerra ao Terror, incluindo melhor filme e melhor direção, corroboraram tal argumento. Claro que foi uma vitória anunciada, pelo menos para os que acompanharam nas últimas semanas as premiações pré-Oscar, como os prêmios entregues pelos sindicatos americanos de diretores, roteiristas e atores. O filme de Kathryn Bigelow (na foto) faturou todos estes prêmios, o que o qualificava como o grande favorito do ano. Avatar era o único filme, em meio aos outro nove indicados, que poderia estragar a festa de Guerra ao Terror. Afinal, não é todo ano que se tem um recordista de bilheteria concorrendo ao Oscar (números de audiência televisiva astronômicos à vista). Se a ficção científica ecológica de James Cameron recebesse o prêmio de melhor filme, não seria injusto; Avatar é sincero, conta uma boa história (a partir de um roteiro original) e tem efeitos revolucionários. Mas não dava para a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas ignorar o filme de guerra mais importante e relevante da década, isso se a instituição octagenária quisesse continuar sendo igualmente relevante.
Quanto aos outros prêmios entregues, não pude avaliar os ganhadores como melhores ator e atriz, nem atriz coadjuvante, mas como disse a revista SET na edição de fevereiro, não havia como Christoph Waltz perder o prêmio de ator coadjuvante. Seu personagem em Bastardos Inglórios, o sanguinário Hans Landa, é o personagem mais marcante e assustador que apareceu no cinema em 2009.
Mas há dois prêmios que quero destacar (e celebrar) aqui: melhor filme estrangeiro, para O Segredo dos Seus Olhos, filme argentino de Juan José Campanella. Merecidíssimo, mesmo concordando que A Fita Branca, produção alemã de Michael Haneke também merecesse. Mas eu comemorei quando Pedro Almodóvar e Quentin Tarantino anunciaram o filme argentino como ganhador. Sou apaixonado pelo filme, e brado isso a plenos pulmões.
Outro prêmio merecidíssimo e muito comemorado por mim foi o de melhor trilha sonora original para Up - Altas Aventuras, do compositor Michael Giachinno, o mesmo cara que faz a trilha de Lost. É uma trilha sensível e climática, que permanece na mente da gente quando o filme acaba, o que faz dela um trabalho eficiente. Não lembro da última vez que assoviei uma trilha sonora por horas após o filme.

Agora é esperar até 2011, quando veremos novos filmes, e novamente teremos ótimas surpresas. Pelo menos é o que espero.

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Terra das Sombras

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Muitas pessoas provavelmente nunca devem ter ouvido falar de C. S. Lewis, escritor inglês, pensador, debatedor e palestrante de grande sucesso em seu tempo. Mas provavelmente tiveram contato com pelo menos um dos filmes baseados em seus livros infantis de aventura e fantasia: As Crônicas de Nárnia já foram adaptadas duas vezes, com O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa e dois anos depois com Príncipe Caspian. O terceiro filme, A Viagem do Peregrino da Alvorada está com lançamento marcado para dezembro deste ano.
O professor de Oxford C. S. Lewis escreveu muitos outros livros, obras de reflexão que nada têm a ver com suas crônicas infantis. Livros sobre cristianismo, sofrimento, crítica literária e até uma trilogia de ficção científica! Uma das obras mais queridas e surpreendentes de sua vasta produção literária é sem dúvida Surpreendido pela Alegria, onde discorre sobre a perda de seu grande amor, Joy Gresham (joy significa alegria em inglês).
Terra das Sombras, do diretor inglês Richard Attemborough, especialista em cinebiografias, conta a história deste amor, que começou relutante e tornou-se em uma belíssima história recheada de poesia e com muitas lições de superação e fé. Anthony Hopkins vive o escritor, e Debra Winger é Joy Gresham, uma americana judia-cristã que escreve para Lewis e logo desenvolve uma amizade curiosa, especialmente para os colegas  professores de Lewis. Ele logo se apega a Joy e seu filho Douglas, mas o amor sofre um baque quando descobre-se que Joy não viverá muito; ela tem um câncer em estado terminal, e só lhes resta viver este amor intensamente, e aprender um com o outro.
Uma linda história, com uma trilha sonora fenomenal, assim como a fotografia. Anthony Hopkins é o ator perfeito para este tipo de papel, embora tenha ficado marcado na pele de um assassino frio, o dr. Hannibal Lecter em O Silêncio dos Inocentes, papel que lhe rendeu o Oscar em 1996. Prova que é um ator versátil e marcante, nunca se deixando estereotipar-se por nenhum tipo específico. Bom para ele, melhor ainda para nós, amantes do cinema.

Tamanho: 1.05GB
Duração: 2 h aprox.
Qualidade: DVDrip
Nota: 9,0

Baixe AQUI o torrent, a legenda e a trilha sonora

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