Romance

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Quando um cartaz de filme estampa os nomes de Wagner Moura e Guel Arraes no Brasil atual todo mundo presta atenção. O primeiro pelo seu papel-marco do Capitão Nascimento, que mais do que um personagem acabou virando um fenômeno pop. O segundo pelo histórico de filmes-pipoca com alma que já realizou - é só lembrar de O Auto da Compadecida, Lisbela e o Prisioneiro e, vá lá, Caramuru: A Invenção do Brasil.
A mudança de colaborador habitual (todos os filmes citados têm como protagonista Selton Mello) trouxe também uma virada radical no que diz respeito à temática. Se nos filmes anteriores Arraes tinha uma visão mais voltada para um lado kitsch e até ridículo do Brasil, neste Romance ele retrata seu próprio universo: o teatro e a televisão. E o faz com muita propriedade, já que envolve o espectador em uma espécie de remake teatral da clássica tragédia de Tristão e Isolda, sem jamais sequer parecer trágico.
A escolha de Letícia Sabatella como parceira de cena de Wagner Moura mostra-se acertada. É fácil acreditar no amor dos dois, o que torna a experiência de assistir o filme gratificante. O elenco de coadjuvantes também cumpre bem o seu papel, com destaque para a ótima participação de Marco Nanini como um astro da tevê, cheio de chiliques e exigências, algo como uma Susana Vieira de calças.
Romance é um filme divertido que traz a marca Guel Arraes e Jorge Furtado (que co-assina o roteiro): diálogos ágeis e inteligentes, com um toque de metafísica (o olhar para seu próprio mundo), e uma crítica ao mundo descartável de finais felizes da tevê, o que não deixa de ser surpreendente, já que o filme é uma co-produção da Globo Filmes.
Em um tempo de romances sem sal vindos de Hollywood, encontramos no Brasil um bom exemplo de como fazer um filme romântico e inteligente ao mesmo tempo. Ponto para Guel Arraes e seus fiéis colaboradores.

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