Acabei de assistir a um filme sobre Houdini, um grande ilusionista, conhecido no início do século XX como o "Mestre das Fugas". Trata-se de Atos que Desafiam a Morte, da diretora Gilliam Armstrong, com o bom ator Guy Pearce (de Amnésia e L.A. Cidade Proibida) no papel do famoso mágico. Tendo como antagonista/par romântico a bela Catherine Zeta-Jones, o filme não chega a ser uma obra-prima, mas o ar de melodrama é compensado pelas ótimas atuações, especialmente por Saoirse Ronan, que interpreta a filha de Zeta-Jones, uma médium charlatã que aceita o desafio feito por Houdini: incorporar a mãe falecida do mágico e fazer-lhe dizer suas últimas palavras, conhecidas apenas por Houdini. É um bom filme, que ao menos desperta o interesse da audiência em saber algo mais sobre este que foi um personagem importante da cultura pop, quando esta ainda dava seus primeiros passos. Pode-se dizer que Houdini era um pop star, acompanhado de perto pela mídia mundial (paparazzi, digamos assim), tendo sua imagem em revistas em quadrinhos e em cinejornais. Tem-se em Atos um exemplo menor de como fazer um bom filme sobre mágica.
Mas quem assiste O Grande Truque logo esquece do exemplo acima citado. Este sim uma obra-prima, pronto para surpreender a cada fotograma, sem jamais subestimar a inteligência do espectador, usando de recursos cinematográficos essenciais para trazer à vida imagens inesquecíveis e perturbadoras, com um único objetivo: contar uma boa história. Com Hugh Jackman e Christian Bale como mágicos rivais chegando a ultrapassar todos os limites da rivalidade, o diretor Christopher Nolan criou um espetáculo onde o resultado final é mais do que fumaça e espelhos. Não é um filme sobre ética profissional, mas sobre os sacrifícios que alguém pode realizar para imprimir a marca da perfeição naquilo que faz. Com um final impossível de prever, o que temos é o filme supremo sobre mágica. E sobre mágicos.