Não faz muito tempo, eu fui criança. E brinquei muito, me importar com horários, agendas, compromissos nem planejamentos. Era algo como a felicidade. Era algo como se brincar fosse tudo o que importasse. E realmente, nada mais importava! A tradução do que é liberdade, eu experimentei quando fui criança. Se havia alguma tragédia na TV, eu estava construindo minha cidade com livros e dominós velhos. Se meus pais brigavam, eu estava no quarto brincando com minha irmã de acampamento. Até quando eu estava triste, não demorava muito , voltava a brincar e sorrir, e esquecia a tristeza. Se eu carecesse de inspiração, caminhava esperançoso até a estante de livros do meu pai, garimpava um título interessante qualquer (eram em sua maioria livros teológicos), por exemplo: "A agonia do planeta Terra", e criava um filme eletrizante sobre um futuro inóspito e caótico, vindo diretamente das minhas sessões de Star Wars e afins. Quando me entediava com minha casa, não tinha problema: descia para o pátio do prédio, reunia a galera, e estavam prontos "Os Goonies"! Aí, a gente cresce. E esquece. Esquece da inocência, da diversão pela diversão, dos problemas transformados em brincadeiras, das correrias sem razão, da euforia causada por um simples sorvete, do desconforto causado por alguns adultos bobalhões. E acabamos nos tornando esses adultos bobalhões. Até que como num passe de mágica, tudo vem à tona! É quando a gente se lembra, e sorri, e chora, e sorri... E continua a viver, só que tudo parece melhor. Tudo parece real... e vivo!